Zelenskiy: Rússia planeja "esgotar" Ucrânia com ataques prolongados
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, disse que a Rússia planeja longa campanha de ataques com drones, numa tentativa de desmoralizar a Ucrânia. Ele informou que recebeu relatórios dos serviços secretos, que indicam que Moscou vai realizar os ataques com aparelhos Shahed, de fabricação iraniana.
“Temos de garantir – e faremos tudo por isso – que o objetivo dos terroristas falhe, como todos os outros. Agora é o momento em que todos os envolvidos na proteção devem estar especialmente atentos”, acrescentou o presidente na tradicional live noturna em Kiev. Nos últimos dias, os ataques com drones à Ucrânia aumentaram. Moscou atingiu, em três noites, cidades e centrais elétricas de todo o país.
Além da pressão sobre os militares ucranianos – que têm de localizar e interceptar os drones -, há também impacto sobre a população civil que vive com a incerteza e o medo causados pelos ataques.
Há vários meses, a Rússia lança ataques contra infraestruturas de energia ucranianas, deixando milhares de pessoas sem luz em pleno inverno.
Segundo Zelenskiy, a defesa aérea ucraniana abateu, desde o início de 2023, mais de 80 drones de fabricação iraniana. Moscou confirma perdas no campo de batalha.
O alerta de Zelensky é feito depois de a Ucrânia ter realizado um ataque contra soldados russos na região do Donbass. De acordo com Moscou, numa admissão rara de perdas no campo de batalha, o ataque matou 63 dos seus soldados.
É o maior número de mortos reconhecido pela Rússia num único incidente desde o início da guerra, há dez meses.
O ataque ucraniano no primeiro dia do ano atingiu um edifício na cidade de Makiivka, onde estão forças russas.
Nessa segunda-feira, o Ministério da Defesa da Rússia afirmou que as forças ucranianas dispararam seis mísseis Himars, fabricados pelos Estados Unidos (EUA), em edifício que alojava militares russos.
Kiev informou que tinha realizado um ataque em Donetsk, região ocupada pelas forças do Kremlin, no qual morreram 400 soldados. O número é contestado por Moscou.
Cúpula UE-Ucrânia
A reunião de cúpula entre a União Europeia (UE) e a Ucrânia, inicialmente prevista para Bruxelas, vai ocorrer em 3 de fevereiro em Kiev, sem a presença de representantes dos Estados-membros, divulgou a Presidência ucraniana.
A mudança de local acontece após conversa telefônica entre o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Chefes de Estado e de governo da região não estarão presentes no encontro, mas apenas Ursula Von der Leyen e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
Esta informação já tinha sido confirmada em dezembro por um porta-voz de Charles Michel, informou a agência Europa Press.
O anúncio põe fim a especulações sobre possível nova viagem de Zelenskiy para fora do país, após a visita-surpresa que fez a Washington em dezembro.
O gabinete de Zelenskiy explicou que a situação nas frentes de combate com a Rússia também foi discutida na conversa telefônica com Von der Leyen, bem como o processo de entrada da Ucrânia na UE ou o apoio econômico europeu a Kiev.
A presidente da Comissão Europeia informou o presidente ucraniano que Bruxelas começará, em breve, a transferir para Kiev os 18 bilhões de euros prometidos para responder às necessidades financeiras mais urgentes.
"A UE está com vocês o tempo que for preciso. Apoiamos essa luta heroica. Uma luta pela liberdade e contra a agressão brutal", destacou.
De acordo com a proposta da comissão, aprovada pelo Parlamento Europeu, a verba destina-se a apoiar serviços públicos essenciais, como a gestão de hospitais, de escolas e o fornecimento de alojamento a pessoas deslocadas.
A verba será também usada para assegurar a estabilidade macroeconômica e a reparação de infraestruturas críticas destruídas pela Rússia.
Na mesma conversa telefônica, Von der Leyen lembrou a Zelenskiy que os 27 Estados-membros apoiam a Ucrânia neste inverno "com geradores, abrigos e autocarros escolares", em resposta aos ataques russos a infraestruturas energéticas.
A presidente da comissão afirmou que espera voltar a ver pessoalmente, em breve, Volodymyr Zelenskiy na Ucrânia.
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