Detida suspeita de atentado à bomba que matou blogueiro militar russo
Vladlen Tatarsky, blogueiro militar russo e defensor da guerra na Ucrânia, morreu nesse domingo (2), vítima de uma explosão num café de São Petersburgo. O caso está sendo investigado, segundo as autoridades russas, como um assassinato premeditado. A principal suspeita, identificada como Darya Trepova, foi detida.
Conhecido como Vladlen Tatarsky, mas com o nome de nascimento de Maxim Fomin, o blogueiro participava de um debate quando foi morto num café, às margens do Rio Neva, no centro histórico de São Petersburgo. Dados preliminares das autoridades indicam que a bomba se encontrava dentro de uma estatueta oferecida ao blogueiro.
Mais de 30 pessoas ficaram feridas na explosão, de acordo com o Ministério da Saúde da Rússia, e foi aberta investigação por “assassinato de alto escalão”, na terminologia judicial russa. Meios de comunicação social russos e outros blogueiros militares informaram que Tatarsky estava reunido com um grupo de pessoas, quando recebeu uma caixa, entregue por uma mulher, com um busto que acabou por explodir.
O conselheiro presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak atribuiu a explosão a uma "luta política interna" russa.
"As aranhas estão se comendo umas às outras numa jarra", escreveu no Twitter. “A possibilidade de haver terrorismo interno como instrumento de luta política interna era questão de tempo”.
A porta-voz do Ministério russo dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova, acusou a Ucrânia, alegando que as atividades de Tatarsky "conquistaram o ódio do regime de Kiev" e que, à semelhança de outros blogueiros, há muito que o influenciador pró-russo enfrentava ameaças ucranianas.
Yevgeny Prigozhin, chefe do grupo paramilitar Wagner, disse que "não culparia o regime de Kiev", mas um "grupo de radicais".
O grupo patriótico russo organizador do evento, Cyber Front Z, alega que adotou medidas de segurança, mas reconhece que "foram insuficientes".
"Houve um ataque terrorista. Tomamos certas medidas de segurança, mas infelizmente não foram suficientes", afirma em publicação no Telegram.
Leituras divergentes
Em vídeo, a testemunha Alisa Smotrova disse que uma mulher, que se identificou como Nastya, fez perguntas e trocou impressões com Tatarsky durante o debate. Nastya teria dito que fez um busto do blogueiro. Suspeitando que pudesse ser uma bomba, os guardas pediram que o busto fosse deixado à porta. Nastya e Tatarsky riram, e a mulher foi então buscar o busto, oferecendo-o a Tatarsky, que o teria colocado numa mesa próxima.
A agência de notícias russa Interfax informou que uma mulher de São Petersburgo, Darya Trepova, foi detida por suspeita de envolvimento no atentado. A mulher já tinha sido presa anteriormente por participar de manifestações contra a guerra.
De acordo com a comunicação social russa, as autoridades consideram que o busto foi a possível fonte da explosão, embora não descartem a possibilidade de um explosivo ter sido colocado no café antes do evento.
Até o momento, ninguém reivindicou publicamente o atentado, mas blogueiros militares apontaram de imediato o dedo à Ucrânia, comparando o incidente ao homicídio, em agosto passado, de Darya Dugina, comentadora de televisão e filha de Alexander Dugin, filósofo russo próximo do Kremlin. Darya morreu quando o carro em que seguia explodiu. As autoridades russas atribuíram a culpa aos serviços secretos militares da Ucrânia, embora Kiev tenha negado o envolvimento.
Tatarsky, que apresentava relatos regulares sobre Ucrânia, tinha mais de 560 mil seguidores na plataforma Telegram. Nascido no Donbass, coração industrial da Ucrânia, ele trabalhou em mina de carvão antes de iniciar um negócio imobiliário.
Ao passar por dificuldades financeiras, assaltou um banco, cumprindo por isso pena de prisão. Tatarsky escapou durante rebelião separatista apoiada pela Rússia em 2014, semanas após a anexação da Crimeia por Moscou. Depois disso, juntou-se a rebeldes separatistas e lutou na linha de frente, antes de se dedicar aos blogs.
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