logo Agência Brasil
Internacional

Começam negociações para tratado sobre plásticos em Paris

Coalizão de 55 países pede tratado forte, com restrição a materiais
Valerie Volcovici – Repórter da Reuters*
Publicado em 29/05/2023 - 16:23
Paris
A general view of the plenary room during the opening of the second session of negotiations around a future treaty on tackling plastic pollution at the UNESCO Headquarters in Paris, France, May 29, 2023. REUTERS/Stephanie Lecocq
© REUTERS/Stephanie Lecocq
Reuters

Com o início das negociações sobre um tratado global para os plásticos, nesta semana, um debate está surgindo entre países que querem limitar a produção de mais produtos plásticos e a indústria petroquímica, que favorece a reciclagem como solução para os resíduos.

Antes de uma reunião que começa nesta segunda-feira (29) em Paris, muitos países disseram que um dos objetivos do tratado será a "circularidade" – ou manter os itens de plástico já produzidos em circulação pelo maior tempo possível.

Entrando nas negociações em Paris, uma coalizão de 55 nações pediu um tratado forte, incluindo restrições a certos produtos químicos perigosos, e proibições de produtos plásticos problemáticos que são difíceis de reciclar e prejudiciais ao meio ambiente.

"Temos a responsabilidade de proteger a saúde humana em nosso meio ambiente contra os polímeros e produtos químicos mais nocivos por meio do tratado", disse a ministra do Meio Ambiente de Ruanda, Jeanne d'Arc Mujawamariya, que é copresidente da High Ambition Coalition to End Plastic Pollution (Coalização Ambiciosa para Acabar com a Poluição Plástica, em tradução livre).

O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que "não há tempo a perder" sobre o assunto. "O objetivo deve ser produzir um texto com o qual todos concordem até o final de 2024, um ano antes da Conferência das Nações Unidas sobre Oceanos, em Nice", disse ele em uma mensagem de vídeo divulgada hoje.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que está sediando as negociações, divulgou um plano para reduzir o desperdício de plástico em 80% até 2040. O relatório, divulgado no início deste mês, delineou três áreas principais de ação: reutilização, reciclagem e reorientação de embalagens plásticas a materiais alternativos.

Alguns grupos ambientais criticaram o relatório por focar na gestão de resíduos, que eles veem como uma concessão à indústria global de plásticos e petroquímicos.

People stand next to artist Benjamin Von Wong's art installation unveiled by the Greenpeace International, ahead of a four-day summit of the United Nations Environment Programme on reducing plastic pollution, in Paris, France May 27, 2023. REUTERS/Yonathan Van der Voort        NO RESALES. NO ARCHIVES.
Instalação do Greenpeace em Paris, onde começa, nesta segunda-feira, encontro de quatro dias para discutir o tratado global sobre plástico, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma - REUTERS/Yonathan Van der Voort

Saúde pública

Durante a primeira rodada de negociações, em novembro passado no Uruguai, os países estabeleceram um prazo ambicioso para ter um tratado juridicamente vinculativo acordado: um ano.

Até agora, as delegações ainda estão decidindo sobre os objetivos centrais do tratado, incluindo se alguns plásticos deverão ser banidos e formas de melhorar a gestão de resíduos.

Os países também precisam resolver questões importantes, incluindo métodos para financiar, implementar e relatar políticas.

Nesta semana, dezenas de países listaram a saúde pública como uma de suas preocupações prioritárias para limitar a produção e o desperdício de plásticos. O relatório do Pnuma também identificou 13 mil produtos químicos associados à produção de plástico, mais de 3 mil dos quais foram considerados perigosos.

O Greenpeace, por sua vez, divulgou um relatório coletando resultados de pesquisas científicas que sugerem que os processos de reciclagem de plástico podem liberar muitos desses produtos químicos, incluindo benzeno, no meio ambiente.

Embora os Estados Unidos não sejam membros da coalizão, um funcionário do Departamento de Estado disse à Reuters que compartilha a ambição do grupo, mas favorece uma abordagem na qual os países desenvolvam seus próprios planos de ação nacionais, semelhantes ao acordo climático de Paris.

*Reportagem adicional de Elizabeth Pineau

É proibida a reprodução deste conteúdo