França tem terceira noite de protestos, após jovem morto pela polícia
O governo da França disse nesta sexta-feira (30) que vai considerar "todas as opções" para restaurar a ordem, depois que distúrbios em todo o país se intensificaram durante a noite no tumulto mais destrutivo desde que a polícia matou um adolescente em uma blitz de trânsito.
Centenas de policiais ficaram feridos e centenas de pessoas foram presas, disseram as autoridades, quando manifestantes entraram em confronto com policiais em cidades da França, com prédios e veículos incendiados e lojas saqueadas.
O ministro do Interior, Gérald Darmanin, que quadruplicou o destacamento policial para 40 mil oficiais na noite de quinta-feira (29) em uma tentativa de conter a terceira noite de agitação, afirmou no Twitter que a polícia fez 667 prisões.
Em todo o país, 249 policiais ficaram feridos nos confrontos, disseram as autoridades. O Ministério do Interior informou que 79 postos policiais foram atacados, assim como 119 prédios públicos, incluindo 34 prefeituras e 28 escolas.
O presidente Emmanuel Macron, que até agora descartou decretar estado de emergência, estava a caminho de Paris a partir de Bruxelas depois de deixar uma cúpula da União Europeia mais cedo para participar de uma segunda reunião de crise do gabinete em dois dias.
O governo examinará "todas as opções" para restaurar a ordem, disse a primeira-ministra Elisabeth Borne, chamando a violência de "intolerável e indesculpável" pelo Twitter.
"A prioridade é garantir a unidade nacional e a maneira de fazer isso é restaurar a ordem", declarou ela a repórteres durante uma visita a um subúrbio de Paris.
A violência explodiu novamente em Marselha, Lyon, Pau, Toulouse e Lille, bem como em partes de Paris, incluindo o subúrbio da classe trabalhadora de Nanterre, onde Nahel M., de 17 anos, descendente de argelinos e marroquinos, foi morto a tiros na terça-feira (27).
Violência policial e racismo
A morte dele fomentou queixas de longa data de grupos de direitos humanos sobre violência policial e racismo sistêmico dentro das agências de segurança e nos subúrbios de baixa renda e racialmente mistos das principais cidades da França.
O policial que os promotores disseram ter reconhecido que atirou contra o adolescente foi colocado ontem sob investigação formal por homicídio. Ele está preso preventivamente.
Seu advogado, Laurent-Franck Lienard, afirmou que seu cliente mirou na perna do motorista, mas foi esbarrado, fazendo com que ele atirasse em direção ao peito. "Obviamente [o policial] não queria matar o motorista", disse Lienard à BFM TV.
Alguns governos ocidentais alertaram na quinta-feira seus cidadãos na França para terem cautela.
*É proibida a reprodução deste conteúdo