Trump comparece a tribunal da Flórida por acusações criminais
O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou-se inocente nesta terça-feira (13) das acusações criminais federais de que teria guardado ilegalmente documentos de segurança nacional quando deixou o cargo e mentido para autoridades que tentaram recuperá-los.
Apresentada ao magistrado dos EUA, juiz Jonathan Goodman, em um tribunal federal em Miami, a alegação de Trump dá início a uma batalha legal que deve ser travada ao longo dos próximos meses, ao mesmo tempo em que ele faz campanha para reconquistar a Presidência nas eleições de novembro de 2024. Especialistas dizem que pode levar um ano ou mais até que um julgamento ocorra.
Trump foi autorizado a deixar o tribunal sem condições ou restrições de viagem e nenhuma fiança em dinheiro foi exigida. Goodman determinou que Trump não tinha permissão para se comunicar com possíveis testemunhas no caso.
O ex-assessor de Trump Walt Nauta, também acusado no caso, declarou-se inocente, informou a Associated Press.
A audiência foi fechada para câmeras e transmissões ao vivo.
Esta foi a segunda vez que Trump se apresentou a um tribunal nos últimos meses. Em abril, ele se declarou inocente das acusações estaduais em Nova York decorrentes de um pagamento clandestino a uma atriz pornô. A aparição desta terça-feira em Miami foi relativa a acusações federais.
Apoiadores vestindo chapéus com o slogan "Make America Great Again" (Faça a América grande novamente) e carregando bandeiras norte-americanas gritavam "Miami com Trump" e "Latinos com Trump", enquanto uma carreata parava do lado de fora do tribunal. Um homem podia ser ouvido gritando: "USA! USA!"
O prefeito de Miami, Francis Suarez, disse a repórteres do lado de fora do tribunal que não houve problema de segurança.
As autoridades prepararam-se para lidar com multidões de até 50.000 pessoas e possíveis episódios de violência, relembrando o ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio dos Estados Unidos.
Trump proclamou repetidamente sua inocência e acusou o governo do presidente democrata Joe Biden de atacá-lo, chamando o procurador especial Jack Smith, que lidera a acusação, de "odiador de Trump" nas redes sociais na terça-feira.
Smith acusa Trump de pôr em risco segredos nacionais ao levar milhares de documentos confidenciais com ele quando deixou a Casa Branca em janeiro de 2021, e armazená-los de maneira aleatória em sua propriedade em Mar-a-Lago, na Flórida, e em seu clube de golfe em Nova Jersey, de acordo com a acusação do grande júri divulgada na semana passada.
As fotos incluídas na acusação mostram caixas de documentos armazenadas no palco de um salão de baile, em um banheiro e espalhadas pelo chão de um depósito.
A acusação alega que Trump mentiu para funcionários do governo que tentaram recuperá-los. O indiciamento de um ex-presidente dos EUA por acusações federais não tem precedentes na história americana.