Presidente palestino visita Jenin para tentar acalmar tensão
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, visitou a cidade de Jenin, na Cisjordânia, nesta quarta-feira (12), dias depois que três de seus altos funcionários foram forçados a sair de um funeral por uma multidão furiosa com a resposta das autoridades palestinas a um ataque israelense dias antes.
A raiva da multidão no funeral dos combatentes mortos na operação israelense de dois dias destacou a profunda impopularidade da Autoridade Palestina e as divergências cada vez maiores entre as diferentes facções palestinas.
Os três membros do comitê central do partido Fatah, de Abbas, foram expulsos enquanto milhares se voltavam contra eles, gritando "Saiam! Saiam!".
Abbas, de 87 anos, que tem rejeitado as pressões para renunciar, visitou o cemitério onde foi realizado o funeral, na entrada do campo de refugiados de Jenin.
Ladeado por seus guardas presidenciais especiais, ele se dirigiu à multidão nas margens do campo, onde ruas destruídas e prédios incendiados mostram a intensidade da maior operação israelense na Cisjordânia ocupada em 20 anos.
"O heróico acampamento de Jenin resistiu à agressão, sacrificou suas baixas e ofereceu tudo o que tem pelo bem da pátria", disse Abbas.
Ele afirmou à multidão animada que o acampamento será reconstruído.
Abbas condenou o ataque israelense a Jenin e anunciou que estava suspendendo um acordo de cooperação de segurança com Israel, mas muitos palestinos sentem que sua posição foi irremediavelmente comprometida à medida que a violência se espalha pela Cisjordânia.
"Onde eles estavam todos esses anos?" disse um homem no acampamento, que se recusou a dar seu nome por medo de represálias das forças de segurança. "Eles não se importam conosco".
Por mais de um ano, ataques israelenses em cidades como Jenin ou Nablus se tornaram rotina. Centenas de palestinos, a maioria combatentes, mas também muitos civis, foram mortos, enquanto uma onda de ataques palestinos matou dezenas de israelenses.
A Autoridade Palestina, estabelecida após os acordos de paz de Oslo há três décadas, exerce uma governança limitada sobre partes da Cisjordânia, incluindo Jenin, mas tem sido impotente para impedir ataques israelenses ou controlar grupos militantes.
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