Afeganistão: tremor é "pior do que imaginávamos", diz diretor de ONG
Equipes de ajuda internacional tentam enviar ajuda à população que sobreviveu ao terremoto deste fim de semana a oeste da cidade de Herat, no Afeganistão. O sismo, de magnitude 6,3, matou mais de duas mil pessoas. Autoridades alertam que a situação é muito pior do que o imaginado..
Já devastado pela guerra e por uma crise econômica, o Afeganistão foi atingido no sábado (7) pelo forte tremor, considerado dos mais letais do país.
O sismo assolou área a 40 quilômetros a oeste da cidade de Herat e deixou milhares de feridos e mais de 2 mil mortos.
A ajuda começa a chegar aos sobreviventes, mas as equipes internacionais deixam um alerta.
“A situação é pior do que imaginávamos, com pessoas em aldeias devastadas a tentar desesperadamente resgatar sobreviventes dos escombros com as próprias mãos”, disse Thamindri de Silva, diretor nacional da organização não governamental (ONG) Visão Mundial Afeganistão.
Os reforços da capital Cabul chegaram para ajudar, acrescentou Silva, “mas há apenas um hospital e está lotado, com casos graves, sendo que muitos feridos são transferidos para instalações privadas na cidade”.
“Os nossos colegas e suas famílias estão enfrentando essa devastação nas cidades natais e, no entanto, estamos respondendo com tudo o que temos”, explicou Silva.
“As pessoas precisam de cuidados médicos urgentes, água, comida, abrigo e ajuda para se manterem seguras”, lembrou.
Episódio devastador
O tremor em território afegão é “mais um episódio devastador, após décadas de conflito, secas sucessivas e uma economia em colapso”, declarou Mark Calder, líder da organização de defesa da Visão Mundial do Afeganistão. Para ele, o financiamento da comunidade internacional tem sido inadequado.
“Organizações como a nossa são capazes de fornecer ajuda e contribuir para a recuperação, mas sem o compromisso dos governos e doadores internacionais, mais pessoas cairão nas necessidades humanitárias, o deslocamento aumentará e vidas serão perdidas. O mundo não deve desviar o olhar agora”.
O porta-voz do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Stéphane Dujarric observou que a instituição e os parceiros humanitários montam operações de emergência e enviam mais equipes para a região.
“Estamos em coordenação com as autoridades para avaliar rapidamente as necessidades e fornecer assistência de emergência”, disse.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou no domingo solidariedade à população e apelou à comunidade internacional para “se unir e apoiar os afegãos afetados pelo terremoto – muitos dos quais já estavam necessitados antes dessa crise”.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) enviou 10 mil kits de higiene, 5 mil kits familiares, 1.500 conjuntos de roupas e cobertores de inverno, mil lonas e utensílios domésticos básicos”.
Arshad Malik, diretor nacional da Save the Children no Afeganistão, descreve o cenário como trágico.
“A escala dos danos é horrível. Os números dessa tragédia são verdadeiramente perturbadores – e aumentarão à medida que as pessoas ainda estiverem presas nos escombros de suas casas em Herat", afirmou Malik.
“Milhares de crianças e famílias estão agora sem casa, sem abrigo. Perderam tudo. O terror das réplicas e do desabamento de edifícios forçou as famílias a saírem para o ar livre em Herat", argumentou.
“É crise em cima de crise", observou.
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