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Internacional

Israel em pé de guerra; Hamas ameaça matar prisioneiros

Mais de 2 mil pessoas estão feridas e 900 morreram
Nidal al-Mughrabi e Dan Williams - repórteres da Reuters
Publicado em 09/10/2023 - 20:51
Gaza e Jerusalém
Escalation of Hamas-Israel clashes cause heavy casualties. REUTERS
© Reuters
Reuters

O exército israelense disse nesta segunda-feira (9) que tomou a decisão sem precedentes de convocar 300 mil reservistas e que estava impondo um bloqueio total à Faixa de Gaza, em um sinal de que pode estar planejando uma operação por terra em resposta ao devastador ataque de homens armados do Hamas durante o último fim de semana. 

Após horas de bombardeio intenso de jatos israelenses, o Hamas, movimento islâmico que controla Gaza, disse que executará um prisioneiro israelense para cada bombardeio israelense contra uma casa civil sem aviso. 

Dentro de Israel, soldados palestinos ainda estavam escondidos em vários locais, dois dias após matarem centenas de israelenses e tomarem dúzias de reféns em um ataque que destruiu a reputação de invencibilidade de Israel.

Emissoras de televisão israelenses disseram que a contagem de mortos do ataque do Hamas subiu para 900 pessoas, com pelo menos 2,6 mil feridas. O Ministério da Saúde de Gaza afirmou que pelo menos 687 palestinos foram mortos e 3.726 ficaram feridos desde sábado em ataques aéreos de Israel contra o enclave bloqueado. 

Entre os mortos, estão cidadãos de Itália, Ucrânia e Estados Unidos, de onde o presidente Joe Biden anunciou nesta segunda-feira que pelo menos 11 americanos foram assassinados. 

O porta-voz do Hamas, Abu Ubaida, disse que o grupo agia de acordo com o Islã, mantendo os prisioneiros israelenses em segurança, mas emitiu a ameaça de matar civis e transmitir os assassinatos. 

Ecoando o Hamas, a ala armada da Jihad Islâmica, que disse manter mais de 30 prisioneiros israelenses, pediu que Israel evite atingir civis se estiver preocupado com o destino dos israelenses sob sua custódia. 

Em Gaza, enquanto Israel conduzia intensos ataques retaliatórios, o ministro da Defesa, Yoav Gallant, atraiu condenação internacional ao anunciar um restrito bloqueio para impedir a chegada de comida e combustível à faixa, casa de 2,3 milhões de pessoas. 

“Privar a população de um território ocupado de comida e eletricidade é uma punição coletiva, o que é um crime de guerra”, disse o diretor de Israel e Palestina da Human Rights Watch, Omar Shakir, em um comunicado. 

Os ataques aéreos israelenses tornaram-se mais agressivos quando a noite chegou, e testemunhas disseram que vários quartéis-generais e ministérios do Hamas foram atingidos. Os ataques destruíram algumas estradas e casas. 

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse a prefeitos de cidades do sul atingidas pelo ataque surpresa de sábado que a resposta de Israel “mudaria o Oriente Médio”. 

O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que cerca de 137 mil pessoas estavam buscando abrigo com a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA), que fornece serviços essenciais aos palestinos. 

Conflitos se espalham

A perspectiva de que os combates podem se espalhar para outras áreas alarmou a região. Tropas israelenses “mataram suspeitos armados que se infiltraram em território israelense a partir do território libanês”, disse o exército, acrescentando que helicópteros “estavam atingindo região neste momento”. 

O grupo armado libanês Hezbollah disparou uma salva de foguetes contra o norte de Israel nesta segunda-feira, em resposta às mortes de pelo menos três dos seus membros em um bombardeio israelense contra o Líbano. 

As imagens chocantes dos corpos de centenas de israelenses espalhados pelas ruas das cidades, baleados em uma festa ao ar livre e retirados de suas casas não pareciam com nada já foi visto no conflito de décadas entre israelenses e palestinos. 

O Hamas, que defende a destruição de Israel, diz que seu ataque foi justificado pela situação de Gaza sob um bloqueio de 16 anos e pela repressão israelense mais letal em anos na ocupada Cisjordânia. 

"Massacre Total"

Grupos palestinos tradicionais que condenaram os ataques avaliaram, no entanto, que a violência era previsível, com o processo de paz congelado por quase uma década e líderes israelenses de extrema-direita falando sobre anexar território palestino de uma vez por todas. 

Israel e países ocidentais disseram que nada justifica o assassinato em massa intencional de civis. 

Os agressores atiraram contra vários jovens israelenses em uma festa rave no deserto -- segundo a imprensa, 260 pessoas morreram no local. Um dia depois, dúzias de sobreviventes ainda saiam de esconderijos. O local estava repleto de carros destruídos e abandonados. 

“Foi simplesmente um massacre, um massacre total”, disse Arik Nani, que comemorava seu 26º aniversário e escapou ao se esconder por horas em um campo. 

Em Gaza, imagens obtidas pela Reuters mostraram dúzias de pessoas escalando prédios colapsados em busca de sobreviventes, com o ar ainda empoeirado pelo impacto. Sirenes tocavam, enquanto equipes de emergência apagavam carros incendiados. 

O Egito, que fez a mediação entre Israel e Hamas no passado, estava em contato próximo com os dois lados, segundo fontes de segurança egípcias. O presidente turco, Tayyip Erdogan, também disse que seu país estava pronto para o papel de mediador. 

Mediadores do Catar fizeram telefonemas urgentes para autoridades do Hamas na tentativa de negociar a liberdade de mulheres e crianças israelenses tomadas pelo grupo militante e mantidas em Gaza, em troca da libertação de 36 mulheres e crianças palestinas das prisões de Israel, disse uma fonte à Reuters.

Uma autoridade israelense afirmou que não havia negociação alguma em andamento.

(Reportagem de Maayan Lubell e Ari Rabinovitch, em Jerusalém, Nidal al-Mughrabi, em Gaza, e Ammar Anwar, em Sderot; Reportagem adicional de Henriette Chacar, Emily Rose e Dan Williams, em Jerusalém, Ali Sawafta, em Ramallah, Steven Scheer, em Modiin, e redação de Washington) 

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