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Internacional

Acordo de 1,5 grau "está ao alcance", diz presidente da COP28

Líder da cúpula da ONU acredita em resultado sem precedentes em Dubai
Inês Moreira Santos e Carlos Santos Neves - Repórteres da RTP*
Publicado em 29/11/2023 - 10:24
Dubai
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19/01/2023
Reuters/Yves Herman/Proibida reprodução
© Reuters/Yves Herman/Proibida reprodução
RTP - Rádio e Televisão de Portugal

O presidente da cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o clima (COP28), sultão al-Jaber, acredita que está ao alcance de todos conseguir um "resultado sem precedentes" na conferência climática organizada pelos Emirados Árabes Unidos. Para ele, é possível concretizar um acordo para limitar o aquecimento global em 1,5 grau e até a Arábia Saudita pode assumir compromissos positivos.

Dubai se prepara para receber mais de 70 mil delegados de todo o mundo que participarão, durante 15 dias, das negociações climáticas da COP28. O encontro começa nesta quinta-feira (30).

Há dúvidas se é possível alcançar resultados substanciais depois da controvérsia em torno da presidência da COP28, relativamente a documentos que indicam a utilização da cúpula para privilegiar negócios com empresas petrolíferas nacionais.

O presidente da COP28 respondeu às dúvidas em entrevista exclusiva à publicação britânica The Guardian.

“Tenho que ser cautelosamente otimista”, disse al-Jaber. Segundo ele, o impulso positivo significa que o mundo pode chegar a acordo sobre um “roteiro robusto” de cortes nas emissões de gases de efeito estufa até 2030, garantindo resultado sem precedentes na conferência, que começa nesta quinta-feira (30).

"Retornar ao caminho certo e garantir que o mundo aceite um plano para 2030 que manterá [um aumento de temperatura acima dos níveis pré-industriais de] 1,5°C ao alcance global, é o meu único objetivo”, acrescentou.

Presidência controversa 

Al-Jaber também é presidente executivo da empresa petrolífera nacional dos Emirados Árabes Unidos, a Adnoc.

Informações divulgadas sobre reuniões prévias, relativas à oportunidade de as empresas energéticas que o sultão preside negociarem petróleo, desencadeou onda de desconfiança, especialmente entre ativistas que consideram a liderança dele um conflito de interesses.

Ele argumenta que o lugar que ocupa fora da COP28 “o ajudará a envolver empresas e outros produtores de petróleo, incluindo a Arábia Saudita”, um aliado próximo dos Emirados Árabes Unido e o segundo maior produtor de petróleo do mundo, atrás dos Estados Unidos.

A Arábia Saudita é considerada pouco empreendedora para alcançar as metas climáticas das conferências da ONU. Na entrevista, al-Jaber, referindo-se ao Estado saudita, deu a entender que após as reuniões de preparação para a COP28 o governo demonstrou “positividade, envolvimento, receptividade à causa e ao apelo à ação para alcançar o resultado mais ambicioso da ação climática na COP28”.

“A Arábia Saudita tem cooperado e vêm com ambição”, reiterou al-Jaber. “Eles têm se envolvido de forma colaborativa em todas as áreas climáticas”.

A propósito do alegado conflito de interesses entre a presidência da Adnoc e a COP28, o sultão afirmou que a Agência Internacional de Energia [em relatório recente] diz que todos os setores devem fazer parte da solução.

Por isso, “a ação climática real e tangível só ocorrerá se todos forem responsabilizados. [Precisamos] garantir que todos os parceiros progridam em direção a uma transição energética. E não se pode fazer isso sem incluir as indústrias com grandes emissões, bem como o petróleo e o gás”.

Al-Jaber pediu aos países ricos “que não atrasem o acordo até os últimos dias”, lembrando o que aconteceu na COP27, no Egito, para indignação generalizada dos Estados pobres.

“Não quero que os governos mantenham as cartas escondidas até o último minuto”, advertiu. “Quanto mais cedo se abrirem, se envolverem e colaborarem, mais será alcançado”.

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