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Internacional

Brasil voltou a participar da geopolítica mundial, diz Lula no Catar

Ele elogiou o papel diplomático do país no conflito Israel-Palestina
Paula Laboissière - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 30/11/2023 - 10:05
Brasília
30.11.2023 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião ampliada com o Emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani.
Amiri Diwan, Doha - Catar.

Foto: Ricardo Stuckert / PR
© Ricardo Stuckert / PR

Em conversa com a imprensa em Doha, no Catar, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira (30) que o Brasil voltou a participar da geopolítica mundial e que o país árabe é um parceiro importante nesse processo.  

“Quando vim aqui a primeira vez, tínhamos uma relação comercial de US$ 36 milhões. Agora, ela já está em US$ 1,6 bilhão, com potencial de muito investimento do Catar, sobretudo na questão de novas pesquisas, exploração do petróleo, reflorestamento do país, manutenção da agricultura de baixo carbono.” 

Após se reunir com o emir do Catar, xeque Tamim bin Hamad al-Thani, Lula voltou a elogiar o papel diplomático do país árabe na mediação do conflito Israel-Palestina e na libertação de reféns. “O Catar teve papel importante para a liberação dos brasileiros que estavam na Faixa de Gaza”. 

De acordo com o presidente, ainda há brasileiros em Gaza. Ele citou especificamente o caso de um brasileiro não identificado que continua mantido refém pelo grupo extremista islâmico Hamas e que, segundo Lula, pode ser liberado “por esses dias”. 

COP28 

Sobre sua ida à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28) em Dubai, ele lembrou que a proposta brasileira consiste na criação de um fundo permanente para financiar florestas tropicais.  

“Para você manter o planeta habitável e todo mundo vivendo confortavelmente, não é apenas ajuda para não desmatar. É fazer com que se mantenha a floresta em pé para sempre e que se tente reflorestar aqueles lugares que não têm mais floresta.” 

Segundo Lula, o Brasil registra mais de 40 milhões de hectares de terras degradadas e que podem ser recuperadas. “Não apenas para plantar comida, mas para poder reflorestar”, disse. 

“Estamos com um vasto programa, muito grande, de investimento em energia verde renovável, de recuperação dessas terras degradadas. E acho que a discussão que vai se dar na COP ainda pode não ser decisiva, mas vamos ter que mudar o jogo para que as pessoas aprendam que o planeta não está brincando, o planeta está avisando: ‘Cuidem de mim porque senão vocês vão perder’”. 

“O ser humano não pode continuar sendo irracional. Não pode ser o único animal vivo a destruir seu habitat natural. É a única espécie que mata sem fome, que rouba sem precisar e a única espécie que destrói a cama que dorme. Precisa se reeducar. O humanismo precisa voltar a prevalecer nas nossas decisões.” 

Acordo 

Questionado sobre as chances de um acordo com países ricos no âmbito da COP28, o presidente disse não acreditar nesse desfecho. “É preciso que as lideranças políticas do mundo tomem decisões mais corajosas e mais rápidas. Precisamos ter uma governança global para ajudar a cuidar do planeta. Se você toma uma decisão qualquer em benefício do mundo e ela tiver que ser votada internamente pelo seu Congresso Nacional, significa que ninguém vai cumprir”. 

“Até hoje, os Estados Unidos não cumpriram o Protocolo de Quioto. O Acordo de Paris não foi cumprido em quase nenhum lugar do mundo. Então, se os governantes democratas querem continuar sendo acreditados pelo povo, é preciso que a gente comece a fazer as coisas que as pessoas estão achando que devemos fazer. Não dá para brincar.” 

“A gente está vendo enchente onde antigamente não tinha. A gente está vendo seca onde antigamente não existia. A gente está vendo furacão, a gente está vendo coisas acontecendo no planeta que não eram esperadas há dez anos. Agora está acontecendo. É só ver o que está ocorrendo no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, no Amazonas.”