Tanques cercam Gaza; Netanyahu diz que Israel cuidará da segurança
Israel concedeu aos civis que ainda estão presos dentro da Cidade de Gaza, recentemente cercada, prazo de quatro horas para deixar o local nesta terça-feira (7). Os moradores que fugiram da cidade disseram ter passado por tanques em posição para invadi-la.
O governo israelense informou que suas forças cercaram Gaza, onde vive um terço dos 2,3 milhões de habitantes do enclave. Acrescentou que elas estão prontas para atacar a cidade em breve, em sua campanha para aniquilar os militantes do Hamas, que atacaram cidades israelenses há exatamente um mês.
Em alguns dos primeiros comentários diretos sobre os planos para o futuro de Gaza após a guerra, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que Israel assumirá a responsabilidade pela segurança do território por período indefinido assim que derrotar os militantes que o controlaram nos últimos 16 anos.
A guerra começou em 7 de outubro, quando combatentes atravessaram a cerca de Gaza e mataram 1.400 israelenses, a maioria civis, e sequestraram mais de 200, de acordo com os registros israelenses. Desde então, Israel tem bombardeado Gaza, administrada pelo Hamas, com ataques que mataram mais de 10 mil pessoas, cerca de 40% crianças, segundo dados das autoridades de saúde locais.
"Foi um mês inteiro de carnificina, de sofrimento incessante, derramamento de sangue, destruição, indignação e desespero", disse o comissário de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Volcker Turk, em declaração no início de uma viagem à região, onde visitará a passagem de Rafah, a partir do Egito, a única rota de ajuda.
Israel deu aos moradores uma janela das 10h às 14h para deixar a Cidade de Gaza. Os moradores dizem que tanques israelenses têm se movimentado principalmente à noite, com as forças confiando, em grande parte, nos ataques aéreos e de artilharia a fim de abrir caminho para seu avanço terrestre.
"Para sua segurança, aproveite a próxima oportunidade para ir para o sul, além de Wadi Gaza", anunciaram os militares, referindo-se aos pântanos que dividem a faixa.
Uma imagem estática, tirada de um vídeo israelense, mostrou o que os militares disseram ser palestinos segurando bandeiras brancas, enquanto se moviam para o sul em uma linha. O Hamas disse que o Exército havia forçado as pessoas do vídeo a agir dessa forma para humilhá-las.
Segundo o Ministério do Interior de Gaza, 900 mil palestinos ainda estão abrigados no norte, incluindo a Cidade de Gaza.
"A viagem mais perigosa da minha vida. Vimos os tanques de perto. Vimos partes de corpos em decomposição. Vimos a morte", postou o morador Adam Fayez Zeyara com uma selfie na estrada que sai de Gaza.
Embora a operação militar de Israel esteja concentrada na metade norte de Gaza, o sul também tem sido atacado. Autoridades de saúde palestinas disseram que pelo menos 23 pessoas foram mortas em dois ataques aéreos israelenses separados, na madrugada de hoje, nas cidades de Khan Younis e Rafah, no sul.
"Somos civis", disse Ahmed Ayesh, que foi resgatado dos escombros de uma casa em Khan Younis, onde as autoridades de saúde disseram que 11 pessoas morreram. "Essa é a bravura do chamado Israel, eles mostram sua força e poder contra civis, bebês dentro de casa, crianças dentro de casa e idosos."
Enquanto ele falava, as equipes de resgate na casa usavam as mãos para tentar libertar uma menina enterrada até a cintura em escombros.
Netanyahu disse que Israel consideraria "pequenas pausas táticas" nos combates em Gaza para permitir a saída dos reféns ou a entrada de ajuda, mas novamente rejeitou os pedidos de cessar-fogo.
Questionado sobre quem seria responsável pela segurança em Gaza depois que o Hamas fosse derrotado, Netanyahu afirmou à TV norte-americana ABC News: "Acho que Israel terá, por um período indefinido, a responsabilidade geral pela segurança, porque já vimos o que acontece quando não temos essa responsabilidade pela segurança".
As Forças Armadas de Israel disseram que capturaram um complexo de militantes no norte da Faixa de Gaza e que estavam prontos para atacar os combatentes escondidos em um labirinto de túneis subterrâneos.
O tenente-coronel israelense Richard Hecht afirmou aos repórteres que os combatentes do Hamas estavam "saindo" dos túneis para disparar granadas lançadas por foguetes contra as forças israelenses.
"Portanto, estamos realmente nos esforçando para eliminar esses túneis à medida que avançamos e nos aproximamos de Gaza", disse ele.
Aeronaves israelenses atingiram vários militantes do Hamas que haviam montado barricadas em um prédio próximo ao Hospital al-Quds, dentro da Cidade de Gaza.
Tanto Israel quanto o Hamas rejeitaram os pedidos de interrupção dos combates. Israel diz que os reféns devem ser libertados primeiro. O Hamas afirma que não os libertará nem interromperá os combates enquanto Gaza estiver sendo atacada.
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