Clima extremo e desinformação são maiores riscos globais, diz pesquisa
Especialistas em riscos consideram que as condições climáticas extremas e a desinformação têm maior probabilidade de desencadear uma crise global nos próximos dois anos, de acordo com pesquisa do Fórum Econômico Mundial divulgada nesta quarta-feira (10).
Embora o clima extremo tenha sido identificado como o maior risco em 2024, a desinformação ficou em segundo lugar e foi considerado o risco global mais grave nos próximos dois anos.
Isso pode representar uma ameaça especial quando bilhões de pessoas forem às urnas no maior ano eleitoral da história.
Algumas das principais economias do mundo, desde os Estados Unidos até a Índia e o México, realizarão eleições este ano, deixando os líderes políticos dependentes de pesquisas e previsões para avaliar como será o ambiente político até 2025.
"O uso generalizado de informação imprecisa e desinformação, bem como de ferramentas para disseminá-las, pode minar a legitimidade de governos recém-eleitos", alertou o relatório.
"A agitação resultante pode variar de protestos violentos e crimes de ódio a confrontos civis e terrorismo", acrescentou o relatório, que foi preparado em parceria com o Zurich Insurance Group e a Marsh McLennan antes da reunião anual do Fórum Econômico Mundial na próxima semana.
Em um horizonte de dez anos, os riscos ambientais, incluindo perda de biodiversidade e mudanças críticas nos sistemas da Terra, lideraram a classificação, com desinformação e resultados adversos da inteligência artificial (IA) logo atrás.
Enquanto isso, dois terços dos especialistas em risco ouvidos esperam que uma ordem mundial multipolar ou fragmentada surja na próxima década, "na qual as potências médias e grandes disputam, estabelecem e aplicam regras e normas regionais".
O presidente do Fórum Econômico Mundial, Borge Brende, disse nessa terça-feira que o 54º encontro anual do fórum, na estação de esqui suíça de Davos, ocorreria em seu cenário geopolítico mais complicado até o momento, que vai desde as guerras em Gaza e na Ucrânia até o aumento da dívida e do custo de vida.
A perspectiva pessimista da pesquisa provavelmente foi desencadeada pela série de riscos deflagrados nos últimos quatro anos com efeitos indiretos na sociedade, disse John Scott, chefe de risco de sustentabilidade do Zurich Insurance Group, destacando a pandemia de covid-19 e os bloqueios subsequentes à invasão da Ucrânia pela Rússia.
"Tem sido um golpe após o outro nas cadeias de suprimentos globais", acrescentou Carolina Klint, diretora comercial da Marsh McLennan para a Europa.
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