Chile reabre inquérito sobre morte de Pablo Neruda em 1973
Um tribunal de recursos do Chile determinou nesta terça-feira (20) a reabertura da investigação da morte do poeta de esquerda e vencedor do Prêmio Nobel Pablo Neruda, em 1973, pouco depois dos militares assumirem o poder em um golpe.
Em um comunicado, o tribunal disse que atendeu a um pedido da família de Neruda e do pequeno Partido Comunista do Chile, acrescentando que o inquérito da morte não foi “exaustivo” e ainda há medidas a serem tomadas que ajudarão a “esclarecer os fatos”.
Ano passado, um painel de especialistas internacionais entregou um relatório esperado há muito tempo sobre a morte do autor de 20 Poemas de Amor e uma Canção Desesperada ao Tribunal de Apelações de Santiago.
O painel entregou documentos que incluíam relatórios laboratoriais do Canadá e da Dinamarca, bem como relatórios de peritos revisores. Os pormenores específicos do relatório dos peritos não foram tornados públicos.
Em seu comunicado, o tribunal de recursos afirmou que tinha também ordenado testes de caligrafia, análises de testes efetuados por peritos das universidades de McMaster e Copenhague, e uma revisão do processo e das declarações dos peritos.
Em 2017, um grupo de especialistas forenses estrangeiros sugeriu que Neruda não morreu apenas de câncer, como foi oficialmente declarado, e não descartou que “terceiros” estivessem envolvidos em sua morte nos primeiros dias da ditadura de 17 anos de Augusto Pinochet.
Quando ele morreu em 23 de setembro de 1973, Neruda era membro do Comitê Central do Partido Comunista Chileno e considerado o poeta nacional do Chile e seu mais importante intelectual.
Ele recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1971, dois anos antes de o presidente socialista Salvador Allende, do qual Neruda era próximo, ter sido deposto pelos militares sob o comando de Pinochet.
Manuel Araya, o motorista do poeta, afirmou que Neruda recebeu uma injeção mortal de agentes da junta de Pinochet que se infiltraram na Clínica Santa Maria, onde estava sendo tratado. O tribunal de recursos não fez qualquer referência à acusação de Araya.
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