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Internacional

Guterres considera inaceitável rejeição de ajuda humanitária para Gaza

Israel informou nesse domingo que não aprovará comboios para o norte
Lusa*
Publicado em 25/03/2024 - 10:43
Amã (Jordânia)
United Nations Secretary-General Antonio Guterres speaks during a news conference with Austrian Chancellor Karl Nehammer (not seen) and Foreign Minister Alexander Schallenberg (not seen) in Vienna, Austria May 11, 2022. REUTERS/Lisa Leutner
© REUTERS/Lisa Leutner/Proibida reprodução
Lusa

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, considerou hoje “totalmente inaceitável” a decisão de Israel de proibir mais comboios humanitários da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA) para o norte da Faixa de Gaza.

“A decisão de não permitir comboios da UNRWA para o norte de Gaza, onde temos uma situação dramática de fome, é totalmente inaceitável”, disse o líder da Nações Unidas em entrevista em Amã, ao lado do ministro dos Negócios Estrangeiros da Jordânia, Ayman Safadi.

Para Guterres, aqueles que tomaram a decisão “devem assumir a responsabilidade diante da história pelas consequências em relação à dramática situação da população no norte de Gaza”.

É “absolutamente essencial haver um fornecimento massivo de ajuda humanitária”, defendeu António Guterres, acrescentando que isso implica até abrir mais pontos de entrada.

“Isso significa uma concentração de esforços de todas as entidades, sem obstáculos e sem limitações do lado israelense, para resgatar a população do norte de Gaza que está em risco iminente de fome. Muitas crianças já estão morrendo de fome”, afirmou.

Guterres está hoje na Jordânia, por ocasião do Ramadã, o mês sagrado muçulmano, que também o levou, nesse fim de semana, ao Egito, onde visitou a passagem de Rafah, único ponto não controlado por Israel até Gaza e por onde passa a maioria da ajuda humanitária.

No domingo, o comissário-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, disse que Israel informou à ONU de que não aprovará mais comboios humanitários com destino ao norte da Faixa de Gaza. Israel não esconde as suas intenções de expulsar a UNRWA da Faixa de Gaza e acusa a organização de ter ligações diretas ao grupo islâmico Hamas.

Na sexta-feira, o governo israelense alegou que quase 17% dos trabalhadores da UNRWA em Gaza são “membros de organizações terroristas” e pelo menos 15 tiveram “envolvimento direto” no massacre de 7 de outubro do Hamas em território israelense.

“A UNRWA não pode desempenhar nenhum papel na Faixa de Gaza, quebrou toda a sua neutralidade” e deve encontrar um “substituto”, afirmou o porta-voz da embaixada de Israel em Madrid, Tal Itzhakov.

Numa videoconferência com jornalistas, o porta-voz mencionou a atualização do relatório de Israel sobre essa matéria, com informação e documentos obtidos pelos serviços secretos israelenses em Gaza sobre “a infraestrutura terrorista”.

Itzhakov, que nomeou um desses “terroristas” identificados, indicou que há “2.135 membros do Hamas e da Jihad Islâmica” trabalhando na UNRWA, na Faixa de Gaza. Mais precisamente, 485 são “membros do braço militar das organizações terroristas” e 1.650 do movimento Hamas.

No dia seguinte, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Israel Katz, acusou a ONU de ser uma organização anti-israelita e antissemita, que incentiva o terror.

Em publicação na rede social X, Israel Katz acusou António Guterres de culpar Israel pela situação humanitária em Gaza.

O secretário-geral da ONU afirmou, no Egito, que o “mundo está farto” do “pesadelo sem fim” em Gaza, após mais de cinco meses de guerra entre Israel e o Hamas no território palestino.

A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque do Hamas em solo israelense, em 7 de outubro de 2023, que deixou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades de Israel.

Desde então, Israel tem retaliado com uma ofensiva em Gaza que já provocou mais de 32 mil mortes, de acordo com o balanço mais recente do Ministério da Saúde palestino, controlado pelo Hamas.

O grupo islâmico, que controla Gaza desde 2007, é classificado como organização terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e a União Europeia.

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