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Internacional

Autoridades francesas e alemãs estão em Damasco para conversações

Países ocidentais vêm dialogando com governo de transição
Agência Lusa
Publicado em 17/12/2024 - 09:02
Lisboa
Bandeira iraniana no consulado do Irã em Damasco
 8/4/2024    REUTERS/Firas Makdesi
© REUTERS/Firas Makdesi/Proibida reprodução
Lusa

Após a queda do Presidente Bashar al-Assad, delegações estrangeiras dialogam com o governo de transição sírio, no momento em que o Irã se mostra cauteloso diante da nova situação política na Síria.

Uma delegação francesa liderada pelo enviado especial para a Síria Jean-François Guillaume chegou hoje a Damasco e visitou as instalações da embaixada de França.

"A França se prepara para estar ao lado dos sírios" durante o período de transição, disse Guillaume aos jornalistas, logo após a sua chegada a Damasco.

Nesta terça-feira (17), a bandeira francesa foi hasteada na embaixada, que se encontrava fechada desde 2012. A delegação indicou que veio "estabelecer contatos com as autoridades de fato" em Damasco.

Já os diplomatas alemães vão ter as primeiras conversações em Damasco hoje com representantes do governo de transição criado pelo grupo Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham/HTS, em árabe) após a queda do ditador Bashar al-Assad, informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão.

"Haverá conversações sobre um processo de transição inclusivo na Síria e a proteção das minorias. As possibilidades de uma presença diplomática em Damasco também serão exploradas", disse um porta-voz do ministério alemão à AFP.

Diplomacia

Inicialmente cautelosas, as chancelarias ocidentais vêm tomando medidas para estabelecer contato com o governo de transição na Síria, desde a queda de Assad.

A União Europeia anunciou o envio de um representante a Damasco, e o Reino Unido também enviou para a Síria uma delegação oficial.

Já o Irã informou hoje que não reabrirá imediatamente a sua embaixada na Síria (foto), que foi saqueada no domingo (8) durante a queda de Assad.

"A reabertura da embaixada em Damasco exige preparativos (...). Vamos dar continuidade a este trabalho assim que estiverem reunidas as condições necessárias em termos de segurança", disse Esmaïl Baghaï, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano.

"O mais importante é garantir a segurança da embaixada e do seu pessoal", acrescentou Baghaï.

Desde a queda de Bashar al-Assad, o Irã, que apoiou incondicionalmente o agora deposto presidente sírio, repatriou cerca de 4 mil cidadãos. Cerca de 10 mil iranianos viveram na Síria nos últimos anos, segundo dados oficiais.

O HTS liderou a ofensiva relâmpago de 12 dias que derrubou o regime de Bashar al-Assad, no poder há 24 anos, e tomou a capital Damasco em 8 de dezembro.

Após 50 anos de domínio absoluto do clã Assad, as novas autoridades procuram tranquilizar as capitais estrangeiras, estabelecendo progressivamente contatos com os seus dirigentes.

A mudança de regime está vem lançando várias interrogações sobre o futuro deste país, devastado por 13 anos de guerra civil, em um conflito que ganhou, ao longo dos anos, uma enorme complexidade, com o envolvimento de países estrangeiros e de grupos jihadistas.

O novo poder instalado em Damasco nomeou o político Mohammed al-Bashir como primeiro-ministro interino do governo sírio de transição, que vai durar até março de 2025.

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