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Internacional

Coreia do Sul: parlamento rejeita lei marcial declarada por presidente

Jack Kim e Ju-min Park - Repórteres da Reuters
Publicado em 03/12/2024 - 15:52
Seul (Coreia do Sul)
Lawmakers sit inside the hall at the National Assembly, after South Korean President Yoon Suk Yeol declared martial law, in Seoul, South Korea, December 4, 2024. Reuters/Kim Hong-Ji/Proibida reprodução
© REUTERS/Kim Hong-Ji/Proibida reprodução
Reuters

O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, declarou lei marcial na nesta terça-feira (3), em uma ação que surpreendeu os sul-coreanos e desencadeou uma tentativa de tropas entrarem no Parlamento, enquanto parlamentares e manifestantes rapidamente expressavam oposição ao mais sério desafio à democracia do país desde a década de 1980.

O presidente do Parlamento declarou inválido o anúncio da lei marcial e os parlamentares votaram pela rejeição da declaração na madrugada de quarta-feira (horário local). A lei marcial, em geral, estabelece a suspensão das leis e dos direitos civis, com imposição de medidas e leis baseadas na legislação militar. 

A medida de Yoon, que ele declarou ter como alvo seus adversários políticos, teve a oposição veemente até mesmo do líder de seu próprio partido, Han Dong-hoon, que estava presente na votação no Parlamento e que entrou em conflito com Yoon sobre a forma como o presidente lidou com  escândalos recentes.

Mais cedo, imagens ao vivo de televisão mostraram tropas com capacetes, aparentemente encarregadas de impor a lei marcial, tentando entrar no prédio da Assembleia, e assessores parlamentares foram vistos tentando empurrar os soldados para trás, borrifando extintores de incêndio.

Yoon disse nesta terça-feira que os partidos de oposição haviam tomado o processo parlamentar como refém. Ele prometeu erradicar "as desavergonhadas forças antiestatais pró-Coreia do Norte" e disse que não tinha escolha a não ser tomar a medida para salvaguardar a ordem constitucional.

Pouco depois de Yoon fazer seu anúncio na TV ao vivo, as pessoas começaram a se reunir do lado de fora do prédio do Parlamento, algumas delas gritando: "Retirem a lei marcial de emergência!". "Prendam Yoon Suk Yeol", gritavam outros.

Os militares disseram que as atividades do Parlamento e dos partidos políticos seriam proibidas, e que a mídia e publicações estariam sob o controle do comando da lei marcial.

Democracia

Yoon não citou nenhuma ameaça específica da Coreia do Norte, que tem armas nucleares, concentrando-se em seus oponentes políticos internos. É a primeira vez desde 1980 que a lei marcial é declarada na Coreia do Sul.

O país teve uma série de líderes autoritários no início de sua história, mas tem sido considerado democrático desde a década de 1980.

A moeda sul-coreana, o won, teve uma queda acentuada em relação ao dólar. Uma autoridade do banco central disse que estava preparando medidas para estabilizar o mercado, se necessário. O Ministro das Finanças, Choi Sang-mok, convocou uma reunião de emergência entre as principais autoridades econômicas, informou seu porta-voz em uma mensagem de texto.

O antecessor de Yoon, Moon Jae-in, do Partido Democrático, disse em um post no X que a democracia do país está em crise. "Espero que a Assembleia Nacional aja rapidamente para proteger nossa democracia de desmoronar", escreveu ele em uma postagem.

"Peço às pessoas que unam forças para proteger e salvar a democracia e para ajudar a Assembleia Nacional a funcionar normalmente."

Os Estados Unidos estão em contato com o governo sul-coreano e estão monitorando a situação de perto, disse um porta-voz da Casa Branca.

Cerca de 28,5 mil soldados norte-americanos estão estacionados na Coreia do Sul para se protegerem contra o Norte. Um porta-voz do comando militar dos EUA não respondeu a várias ligações telefônicas.

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