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Internacional

Hamas está pronto para novas negociações após troca de prisioneiros

Centenas de prisioneiros palestinos foram libertados na última noite
Joana Raposo Santos - Repórter da RTP
Publicado em 27/02/2025 - 10:47
Tel Aviv
Faixa de Gaza. 26/11/2023 Prisioneiros palestinos libertados reagem ao deixar a prisão militar israelense, Ofer, em meio a um acordo de troca de reféns-prisioneiros entre o Hamas e Israel, em Ramallah, na Cisjordânia ocupada por Israel, 26 de novembro de 2023. REUTERS/Ammar Awad
© REUTERS/Ammar Awad
RTP - Rádio e Televisão de Portugal

O grupo islâmico Hamas disse nesta quinta-feira (27) que está pronto para iniciar negociações sobre a segunda fase do cessar-fogo em Gaza. Declaração foi feita depois de centenas de prisioneiros palestinos terem sido libertados por Israel na última noite, em troca de quatro corpos de reféns israelenses. Tel Aviv informou, entretanto, que três desses reféns foram "assassinados" em cativeiro.

A mais recente troca entre Israel e o Hamas foi a última da primeira fase do acordo de cessar-fogo que entrou em vigor em 19 de janeiro, com cerca de seis semanas de duração.

Agora, o grupo islâmico garante que está preparado para iniciar as conversações sobre a segunda fase da trégua, com o objetivo de pôr um fim definitivo à guerra que começou em outubro de 2023.

"Renovamos o nosso total empenho no acordo de cessar-fogo e confirmamos a nossa disponibilidade para levar a cabo negociações para a segunda fase do acordo", declarou o grupo em comunicado, acrescentando que a única forma de libertar os reféns que ainda se encontram em Gaza é por meio do compromisso com o cessar-fogo.
 

O ministro israelense da Energia, Eli Cohen, já afirmou que o regresso dos 59 reféns restantes é prioridade máxima, mas que não haverá acordo sobre a segunda fase do cessar-fogo se o Hamas permanecer em Gaza.

"As nossas exigências são claras", disse Cohen, que é também membro do gabinete de segurança de Benjamin Netanyahu.

O ministro disse ainda que Israel se encontra agora numa posição mais forte para negociar do que antes do cessar-fogo, já que tem o apoio total do governo do presidente norte-americano, Donald Trump. Israel alega que três reféns foram assassinados

Ontem, os mediadores egípcios garantiram a entrega dos corpos dos últimos quatro reféns da primeira fase do acordo, em troca de 620 palestinos detidos pelas forças israelenses.

Na manhã de hoje, o gabinete de Benjamin Netanyahu declarou em comunicado que três dos reféns cujos restos mortais foram entregues durante a noite foram "assassinados" em cativeiro.

"Com base nos dados e informações de que dispomos, Ohad (Yahalomi), Tsachi (Idan) e (Itzik Elgarat) foram assassinados em cativeiro em Gaza", informou. O quarto corpo devolvido durante a noite foi identificado como de Shlomo Mansour, que Israel tinha anunciado, em 11 de fevereiro, ter sido morto em 7 de outubro de 2023.

Os palestinos libertados por Israel durante a noite incluem 445 homens e 24 mulheres e menores detidos em Gaza, assim como 151 prisioneiros condenados à prisão perpétua por ataques mortais contra israelenses, segundo fonte do Hamas.

Um carro transportou os detidos da prisão de Ofer, na Cisjordânia ocupada, para Ramallah, onde uma multidão se juntou para saudá-los.

O prisioneiro libertado Bilal Yassin, de 42 anos, contou à agência Reuters que esteve detido em Israel durante 20 anos. "Os nossos sacrifícios e a nossa prisão não foram em vão", afirmou. "Tínhamos confiança na resistência (palestina)".

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