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Justiça

Traficante Celsinho da Vila Vintém é solto de presídio de Bangu

Ele vai responder a processos em liberdade
Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 19/10/2022 - 13:04
Rio de Janeiro

Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, conhecido como um dos principais traficantes do Rio na década de 90, foi solto no início da tarde de hoje (19), do Complexo de Gericinó, em Bangu, na zona oeste, e vai responder a processos em liberdade. A saída estava prevista para a manhã de ontem (18), mas não ocorreu.

Segundo o advogado Max Marques, que defende Celsinho, a causa do atraso foi um problema nos trâmites da consulta realizada ao Serviço de Arquivo (SARQ) da Polícia Interestadual (Polinter), para saber se o preso se encontra acautelado em razão de outros processos judiciais.

A liberação foi concedida na noite da última segunda-feira (17), após análise do juiz da Vara de Execuções Penais (VEP), Marcello Rubioli, que verificou não haver outras penas do criminoso que impedissem a sua saída do presídio. Essa análise era a condição para o traficante deixar a unidade prisional, conforme determinou a desembargadora Suimei Meira Cavalieri, da 3ª Câmara Criminal, quando revogou a prisão de Celsinho, na terça-feira (11) da semana passada. Na decisão, ela permitu também que ele recorra em liberdade em processo no qual foi condenado a 15 anos de prisão por envolvimento em invasão da favela da Rocinha, na zona sul do Rio, durante confronto entre facções rivais em 2017.

Denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) indicou que os delegados Maurício Demétrio e Antônio Ricardo estariam à frente de um plano para incriminar o traficante pela invasão da Rocinha, para auxiliar o traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, na disputa pelo controle da venda de drogas na comunidade. Com a declaração do MP, a desembargadora entendeu que Celsinho não foi responsável pela organização da invasão na Rocinha.

O ex-titular da Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Propriedade Imaterial da Polícia Civil Maurício Demétrio, que ficou no cargo entre março de 2018 e março de 2021, foi preso em sua casa, em um condomínio de alto padrão na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, onde foram apreendidos R$ 240 mil em espécie e três carros de luxo blindados.

A prisão ocorreu no âmbito da Operação Carta de Corso, deflagrada no dia 30 de junho deste ano. Quando estava sendo levado para a sede da chefia da Polícia Civil, Demétrio disse à imprensa que o dinheiro declarado em seu Imposto de Renda era fruto de herança. Sobre os carros, contou que somente dois eram seus e que a Corregedoria de Polícia tinha conhecimento.

O ex-titular da delegacia da Rocinha, Antônio Ricardo, alvo de mandado de busca e apreensão na mesma operação, negou a participação no plano e responsabilizou Demétrio pelo envolvimento do nome dele na acusação a Celsinho. “Confio na Justiça e na minha absolvição sumária”, disse em vídeo divulgado à imprensa.

Transferência

Em maio de 2017, Celsinho foi transferido do presídio federal de segurança máxima em Porto Velho, Rondônia, para a Penitenciária Laércio da Costa Pelegrino, Bangu I, no Complexo de Gericinó, na zona oeste do Rio. O motivo da transferência naquela época foi o vencimento do prazo de permanência dele na unidade federal, onde estava preso desde 2002. Apontado como fundador de uma grande facção criminosa do Rio, atualmente Celsinho está preso na Penitenciária Lemos Brito, Bangu VI, no mesmo conjunto prisional.

Em outubro de 2016, participou como testemunha de defesa em processo contra o traficante de uma facção rival, Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, julgado por envolvimento em rebelião no Complexo de Gericinó, quando quatro presos aliados de Celsinho foram mortos. Durante o julgamento, o traficante disse que era testemunha para pagar uma dívida por ter sido mantido vivo na rebelião de 2002.