Trendbank nega falha em análise de risco de contratos com fundos de pensão

Publicado em 16/02/2016 - 20:40 Por Luciano Nascimento - Repórter da Agência Brasil - Brasília

O presidente da Trendbank, Adolpho Júlio da Silva Mello Neto, depôs hoje (16) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Fundos de Pensão e negou que a empresa tenha falhado na análise de riscos de contratos firmados com fundos da Petrobras (Petros) e dos Correios (Postalis).

Em 2010, a Trendbank recebeu R$ 83 milhões (R$60 milhões do Petros e R$ 23 do Postalis) por meio de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) que seriam resgatados até 2020 na forma de créditos. No entanto, o negócio resultou em prejuízo de cerca de 50% aos fundos das estatais.

O FIDC é um tipo de aplicação em que os recursos investidos são destinados à aquisição de direitos creditórios, que são créditos que uma empresa tem a receber, como duplicatas, cheques, contratos de aluguel e outros. A Trendbank comprava esses papéis e depois os renegociava.

No depoimento desta terça-feira, Neto negou que a empresa tenha falhado na análise de risco dos contratos. “Se as documentações sobre os títulos tivessem qualquer tipo de falha, nós teríamos observado em auditorias que são feitas mensalmente”.

Aos parlamentares, o executivo disse também que o prejuízo decorreu de uma “crise sem precedentes” no mercado. “Temos mais de 57 milhões de inadimplentes hoje”, acrescentou.

Autor do requerimento que convocou o presidente da Trendbank, o relator da CPI, deputado Sérgio Souza (PMDB-PR), atribuiu os prejuízos que os fundos de pensão tiveram à má gestão dos títulos.

“Foi mais de 50% de prejuízo efetivo dos recursos aportados pelos fundos. Nenhum lucro foi auferido. E esse é um dinheiro que não é de uma única pessoa. Esse é o dinheiro que a pessoa guardou para a sua aposentadoria, para sua segurança, que vai servir pra auxiliar na saúde”, disse o parlamentar.

Relação com a Lava Jato

Além dos prejuízos causados aos fundos de pensão, a CPI suspeita que a Trendbank tenha ligações com o doleiro Alberto Yousseff, por meio da empresa Rockstar Marketing. Junto com a JSM Engenharia e Terraplanagem, a Rockstar recebeu mais de R$ 100 milhões de recursos aplicados pela Trendbank, a título de pagamentos de duplicatas de empresas como a Andrade Gutierrez, a Triunfo Construtora, a Serveng e a concessionária CCR.

Do total repassado à Rockstar Marketing, cerca de R$1,5 milhão teria sido entregue à MO Consultoria, firma controlada por Youssef, que é investigado pela Operação Lava Jato. Perguntado do esquema pelos deputados, Neto negou que conheça Yousseff.

O presidente da empreiteira Engevix, José Antunes Sobrinho, também seria ouvido hoje pela CPI, mas não compareceu por causa do falecimento de um parente. A Engevix é ex-controladora da Desenvix, empresa que recebeu investimentos do fundo de pensão da Caixa Econômica Federal (Funcef).

A CPI investiga se houve interferência política em investimentos dos fundos de pensão das estatais. Além da Funcef, Petros e Postalis, são investigadas operações da Previ e do Banco do Brasil. Em 2015, esses fundos tiveram um prejuízo de R$ 30 bilhões.

Edição: Luana Lourenço

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