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Direitos Humanos

Comissão investiga onda de crimes por disputa de terras em Anapu

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Maira Heinen
02/12/2015 - 09:33
Brasília

A Ouvidoria Agrária Nacional, o Ministério Público Federal e a Polícia Rodoviária Federal estão em Anapu, no Pará, para debater uma onda de crimes ligados à disputa por terras. Nesta terça-feira (1), eles ouviram depoimentos de pessoas ameaçadas e familiares de vítimas da violência.


A missão foi agendada pelo Ministério Público Federal no Pará, que recebeu uma carta da Comissão Pastoral da Terra. A entidade denuncia assassinatos e a existência de uma lista com mais de 30 nomes de moradores que estariam marcados para morrer.


Entre julho e outubro deste ano, sete pessoas foram executadas na região. O advogado da comissão em Marabá, José Batista Afonso, reforça que os crimes têm características de pistolagem.


Sonora: “São crimes praticados por pessoas que chegam em motos, usando capacetes, e que essas pessoas envolvidas nas execuções não têm qualquer tipo de conhecimento ou desavença com a vítima. São pessoas que são contratadas, pagas, para poder praticar os crimes. Isso, naquela região, infelizmente é uma realidade muito comum.


José Batista acredita que o Ministério do Desenvolvimento Agrário e o Incra devem se antecipar aos conflitos por terra, destinando áreas públicas em disputa para a reforma agrária de forma mais rápida.


Por causa das ameaças de morte, o agricultor Valdemir dos Santos está há 30 dias sem ver a família, que agora mora em outra cidade. Ele expôs a situação de medo para o ouvidor e para os procuradores do MPF.


Sonora: “No mês de agosto, durante 30 dias, nós estivemos ameaçados. Carros e duas caminhonetes parando na porta de casa e nós, todo mundo, trancado dentro de casa sem poder sair. A gente nem de dia não saia porque aqui aconteceu um assassinato de dia, assassinato cedinho da noite, no meio da rua, no meio da população, a polícia só se apresenta para botar a faixa e isolar aquele trecho.”


Segundo Valdemir, a esperança é ser assentado numa área pública que atualmente é ocupada por um fazendeiro e, enfim, trazer a família de volta.


Ainda esta semana, a cidade vizinha de Altamira também vai receber a equipe da Ouvidoria nos dias 3 e 4 de dezembro.

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