Podcast narra luta pela posse de Jango e criação das reformas de base

Segundo episódio analisa impacto da ditadura sobre um projeto de país

Publicado em 11/04/2024 - 07:15 Por Eliane Gonçalves e Sumaia Villela - São Paulo e Brasília

O podcast Golpe de 64: Perdas e Danos apresenta o segundo episódio da primeira temporada, Futuro Interrompido, que volta dez anos antes para falar das ameaças a democracia que o Brasil vinha sofrendo, desde o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, que impediu um golpe. Sem esquecer que Getúlio já tinha dado um golpe e implantado a ditadura do Estado Novo de 1937 a 45, contra uma forjada ameaça comunista.

O presidente Juscelino Kubistcheck também sofreu duas tentativas de golpe. E aí veio a controversa renúncia de Jânio Quadros em 1961, justamente quando o vice, João Goulart, estava na China em missão oficial.

E é bom lembrar  que o vice-presidente na época era votado separadamente do presidente. E Jango conseguiu ser eleito pra vice-presidente sendo da chapa oposta à de Jânio Quadros. Tentaram impedir a posse do vice, depois criaram o parlamentarismo que depois foi revogado e mesmo assim João Goulart realiza um histórico comício no Rio de Janeiro, na Central do Brasil, no dia 13 de março de 1964,. Comício que foi organizado pelos sindicatos, e movimentos rurais e estudantis. 

Naquele dia Jango apresentou as Reformas Estruturais de Base, com medidas que poderiam minimizar os problemas sociais e mudar a condução da economia no país.

Mas porque parte da população se posicionou contra as medidas propostas pelo presidente na época? Afinal o medo do comunismo era real ou mais uma fake news?

De acordo com o historiador Rodrigo Patto, da Universidade Federal de Minas Gerais:

"João Goulart era um político trabalhista, da escola do Getúlio Vargas, que era a favor de distribuir um pouco de renda, a favor de melhorar salário, de direitos dos trabalhadores, de distribuir terras. Tinha uma visão mais nacionalista de defender a economia brasileira do capital internacional. Portanto era um cara de esquerda, mas não era socialista."

Mas o boato que Jango era comunista já invadia os lares da classe média. A direita reagiu e convocou as mulheres para a Marcha da Família com Deus Pela Liberdade, 

"Eram mulheres de classe média que iam aos jornais, que liam, que tinham ligações diretas, redes, relações de proximidade, de amizade, às vezes com donos de jornais ou com as esposas dos donos de jornais, quer dizer, elas não eram mulheres mal informadas. Elas estavam informadas, mas eram também formadas por uma cultura anticomunista. E no caso dessas mulheres era realmente um anticomunismo de matriz religiosa. Então, havia uma crença recorrente de que uma vez o comunismo triunfando, ele seria deletério para as instituições que davam sentido à vida, ao mundo delas, que era a igreja, a família e a pátria." destaca a professora da Universidade Federal Fluminense, Janaína Martins Cordeiro, que estuda o papel das lideranças femininas no golpe de 1964.

A ditadura começava a impor um novo projeto econômico, político e cultural ao país. E o futuro das reformas estruturais de base ficou no passado.

Nos próximos episódios, o passado que não vingou, o futuro do pretérito volta, para sabermos que reformas eram essas e como elas se relacionam a problemas graves que o país enfrenta até hoje.

Toda quinta-feira tem conteúdo novo. Ouça os episódios já publicados:

 

GOLPE DE 64: PERDAS E DANOS

Primeira temporada: Futuro interrompido

Episódio 2 - A escalada e a queda

Trilha de abertura  🎶

RODRIGO PATTO: João Goulart não era socialista e muito menos era comunista. Muita gente hoje ainda continua falando isso, né? Isso é uma barbaridade.

SUMAIA VILLELA: Esse que tá chamando de barbaridade a tendência de grupos conservadores colocarem o João Goulart na caixinha de comunista é o historiador Rodrigo Patto, da Universidade Federal de Minas Gerais.

RODRIGO PATTO: O João Goulart era um político trabalhista, da escola do Getúlio Vargas, que era a favor de distribuir um pouco de renda, a favor de melhorar salário, de direitos dos trabalhadores, de distribuir terras. Tinha uma visão mais nacionalista de defender a economia brasileira do capital internacional. Portanto era um cara de esquerda, mas não era socialista. 

Trilha de abertura  🎶

ELIANE GONÇALVES: João Goulart foi o presidente do Brasil golpeado em 1964, quando começou uma ditadura militar que durou 21 anos. Foi no governo dele que surgiram as reformas de base, um projeto que tentava enfrentar problemas estruturais do país, alguns deles até hoje presentes.

SUMAIA: Esse projeto foi interrompido com o golpe. E aqui no podcast Perdas e Danos, a gente investiga que reformas eram essas, que Brasil era esse a ser mudado, o que ele seria e o que acabou sendo com a ditadura. Eu sou Sumaia Villela, e você está ouvindo o nosso segundo episódio. Liberamos uma nova edição toda quinta-feira.

ELIANE: Com exceção do primeiro, que foi lançado no dia primeiro de abril, para marcar os 60 anos do golpe. Se você ainda não ouviu esse episódio, a gente recomenda fortemente que volte até lá pra entender essa história desde o começo. Eu sou Eliane Gonçalves, e agora a gente continua a nossa viagem pelo Futuro Interrompido do Brasil.

Vinheta do podcast  🎶

SUMAIA:  Bom, no primeiro episódio a gente contou o que eram as tais reformas de base; como os conservadores usaram - e muito bem - o fantasma do comunismo contra esse projeto; e falou das especulações de que Jango, o presidente golpeado, é quem ia dar um golpe.

ELIANE: Mas nem a sanha golpista começou em 1964 e nem as reformas de base foram um projeto tirado da cartola naquele ano. Existia um país em disputa, e o cenário tava bem radicalizado.

Efeito sonoro  🎶

SUMAIA: Para ajudar a entender como chegamos a esse estado de coisas - e de nervos -, a gente tem que voltar algumas casas nesse xadrez do Brasil de 1964. Mais precisamente, voltar alguns anos.

Efeito sonoro  🎶

MARILUCE MOURA: Eu acho que esse Panorama começa em 1954. Pelo menos na minha memória.

ELIANE: Essa é a Mariluce Moura, um dos principais nomes do jornalismo científico brasileiro, que foi presa e torturada na ditadura militar. Ela já esteve aqui com a gente no primeiro episódio, falando de quando era adolescente, no ano do golpe. Agora, voltamos pra infância dela.

MARILUCE MOURA: Eu tinha três anos em 1954 e eu ainda me lembro da minha mãe entrando no quarto onde eu dormia com a minha irmã mais velha e acendendo uma vela - porque o nicho dos santos estava no nosso quarto. E eu acordei, era cedo, de manhã ainda, e eu perguntei: mas mãe,  por que que você tá acendendo vela de manhã? Porque o normal era acender vela às 6h da tarde. Mas eu tenho essa memória nítida. E ela disse assim: “tô acendendo a vela pela alma de Getúlio… que morreu”. 

REPÓRTER ESSO - SUICÍDIO DE VARGAS: Amigo ouvinte, aqui fala o Repórter Esso, testemunha ocular da história! Atenção, atenção, atenção, atenção Brasil! Atenção! O Repórter Esso (inaudível) com os acontecimentos que abalam, há poucos minutos atrás, (inaudível) no Palácio do Catete. Atenção, atenção, ouvintes! Além do bilhete deixado pelo presidente Vargas, há uma carta encontrada ao lado do seu corpo e que diz: mais uma vez, as forças que os interesses contra o povo coordenaram novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, me insultam. Não me combatem, caluniam-me, não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação para que eu continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes. Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e exploração dos grupos econômicos financeiros internacionais….

LUCIANO BARROSO INTERPRETANDO O FIM DA CARTA TESTAMENTO DE VARGAS: Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.

ELIANE: Abrindo um parênteses pra uma explicação rápida, Su: a voz que nós ouvimos agora é do Luciano Barroso, lendo o final da carta testamento do Getúlio. É que a gravação do Repórter Esso não resistiu ao tempo na íntegra. Pronto. Fecha parênteses. Pode continuar.

SUMAIA: Golpe não é uma coisa, assim, original de 1964, né, Eliane?

ELIANE Não mesmo, Sumaia.

SUMAIA: Dez anos antes, 1954, o suicídio de Getúlio Vargas impediu um golpe. Mas ele próprio já tinha dado um golpe e implantado a ditadura do Estado Novo de 1937 a 45, contra uma forjada ameaça comunista.

Trecho da Internacional Comunista 🎶

ELIANE: Olha o fantasma que tanto assombrou o governo Goulart dando as caras por aqui de novo.

SUMAIA: Juscelino Kubistcheck também já tinha sofrido duas tentativas de golpe. E aí veio a controversa renúncia de Jânio Quadros em 1961, justamente quando o vice, João Goulart, estava na China em missão oficial.

ELIANE: O vice, vale lembrar, era votado separadamente do presidente nessa época. E Jango conseguiu ser eleito pra vice-presidente sendo da chapa oposta à de Jânio Quadros.

SUMAIA: E aí os ministros militares e alguns políticos tentam impedir a posse de Jango. Quem explica que isso não é um mero detalhe é a pesquisadora da história republicana do Brasil e professora da Universidade Federal Fluminense Ângela de Castro Gomes.

ÂNGELA DE CASTRO: Lembrando que o vice-presidente, nesse momento, era eleito diretamente pela população, ele era votado. Portanto, um vice-presidente não tomar posse significa que a vontade popular manifesta nas urnas não estava sendo obedecida como deveria ser. Há reações, isso envolve uma luta política grande, essa luta foi liderada por Leonel Brizola, que era o governador do Rio Grande do Sul na época.

DISCURSO DE BRIZOLA EM ÁUDIO ANTIGO: O Palácio Piratini, meus patrícios, está aqui transformado numa cidadela. Que há de ser heróica! Da liberdade, dos direitos humanos, da civilização, da ordem jurídica...  

ELIANE: Esse é o Brizola no dia 28 de agosto de 1961, em uma estrutura improvisada para transmissão, via cadeia de rádios. Um dos muitos discursos que faria convocando o povo e as instituições para garantir a posse de Jango.

SUMAIA: A gente resgatou esse áudio no arquivo da TVE do Rio Grande do Sul. É antigo, captado com tecnologia da época, que era muito diferente da usada hoje. Mas, sabe valor histórico? Decidimos colocar ele aqui por isso..

DISCURSO DE BRIZOLA:  Poderei ser esmagado, poderei ser destruído, poderei ser morto. Eu, a minha esposa e muitos amigos civis e militares do Rio Grande. Não importa se darão nosso protesto lavando a honra desta nação. Nós aqui resistiremos até o fim, se pensam que nós iremos nos entregar. A morte é melhor do que a vida sem honra, sem dignidade e sem glória.

ELIANE: Esse era o começo da Campanha da legalidade. Durante 13 dias, o país esteve à beira da guerra civil. O centro dessa resistência era o Palácio Piratini, sede do governo estadual do Rio Grande do Sul. Ele virou uma espécie de fortaleza de guerra, com barricadas do lado de fora. O prédio chegou a ser ameaçado de bombardeio pelos ministros militares. Do lado de dentro, Brizola seguia transmitindo pela cadeia de rádios da legalidade, com mais de 100 emissoras pelo país.

Efeito sonoro  🎶

SUMAIA: Quem narrou as tensões da época, de dentro do palácio, foi o então repórter e editor político do jornal Última Hora, Flávio Tavares, que reuniu essas memórias no livro 1961, O Golpe Derrotado

TRECHO DO LIVRO: A Brigada Militar estava de prontidão e ocupava pontos nevrálgicos da cidade: usina elétrica, gasômetro, companhia telefônica… No terraço do Palácio, seis metralhadoras pesadas e uma antiaérea…. os soldados da brigada começavam a empilhar sacos de areia junto às janelas, portas e entradas, em barricadas de proteção.

Efeito sonoro  🎶

ELIANE: Esse aí é um trecho do livro e foi interpretado pelo Pedro Cardoso. Mas a gente conseguiu falar com Flávio, hoje com 90 anos. Ele, aliás, também foi preso e torturado durante a ditadura.

FLÁVIO TAVARES: Nós armamos trincheiras nas ruas que circundam o palácio porque a decisão de um dos oficiais tinha tentado sequestrar o Brizola. E tinha saído com vários jipes em direção ao palácio e foi parado pelo povo nas ruas. Então, houve uma mobilização, foram distribuídas armas à população civil. Eu recebi uma arma. E esperávamos das janelas do palácio um ataque. Foram vários dias em que nós ficamos praticamente sem dormir, sem nos banharmos. E, afinal, o terceiro exército mudou de posição, numa guerra ganha pelo rádio.

SUMAIA: Essa disputa terminou com uma manobra que enfraquecia o poder de João Goulart: o parlamentarismo. O chefe do governo, portanto, passa a ser o primeiro-ministro, vindo do Legislativo.

ELIANE: A crise política se soma com a crise econômica. De novo, Ângela de Castro contextualiza pra gente.

ÂNGELA DE CASTRO: Significa inflação alta. O governo lutava para receber empréstimos internacionais, isso também era muito difícil, porque havia resistência na época do Fundo Monetário Internacional a fornecer empréstimos ao governo. E, durante o ano de 1962, realmente a situação econômica do país se tornou extremamente difícil. Os preços dos alimentos cresciam, e isso é muito importante porque a população sentia isso. Sentia não só o encarecimento da vida, como sentia igualmente um desabastecimento. Era difícil encontrar determinados produtos. 

Trecho marchinha "Me dá um dinheiro aí" de 1960 🎶 

SUMAIA: Vamos lembrar que, mesmo com esse quadro difícil, Jango tinha apoio popular principalmente no movimento sindical urbano e de trabalhadores rurais. Ele foi ministro do Trabalho de Getúlio Vargas nos anos 1950, quando houve um crescimento expressivo dos salários.

ELIANE: Em janeiro de 1963, um plebiscito derrubou o parlamentarismo e João Goulart saiu vitorioso: mais de 80% dos votos válidos foram para a volta do presidencialismo.

Efeito sonoro  🎶

SUMAIA: E as reformas de base aparecem na história um pouco antes disso. Elas eram parte de um projeto chamado Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social.

ELIANE: Esse nome em economês era o quê? Um plano a ser executado em três anos e que foi dividido em duas partes: uma econômica e outra social.

Efeito sonoro  🎶

ELIANE:  Pois bem, na segunda parte estavam as reformas. Mas primeiro vinha o controle da inflação. E isso envolvia renúncias tanto de trabalhadores como de empresários. Por exemplo, havia, por um lado, congelamento de salários e, por outro, redução do crédito.

Efeito sonoro  🎶

SUMAIA: Esse é um período de muita reviravolta. A gente tenta resumir assim, com ajuda da professora Ângela: havia, a princípio, um apoio de parte do empresariado ao plano, assim como de outros partidos que compunham o Congresso Nacional.

ÂNGELA DE CASTRO: Embora houvesse igualmente nesse momento já setores do empresariado contrários ao plano trienal, porque eram contrários ao governo Jango. Que já estavam envolvidos numa instituição chamada IPES. Essa instituição tinha relações com os militares. Um grande nome desse IPES é o Golbery Couto e Silva, que era um militar. Então, havia setores do empresariado a favor do plano e outros contrários ao plano. E isso também acontecia politicamente. Havia setores políticos favoráveis, mas havia setores contrários, da UDN em especial, a União Democrática Nacional. Liderados, por exemplo, por Carlos Lacerda. E também em Minas, pelo então governador Magalhães Pinto. Em relação aos trabalhadores, eles são mais contrários do que favoráveis ao plano trienal. Porque inicialmente eles vão sentir a contenção salarial, e ainda num momento em que a alimentação tava com custos muito altos”.

ELIANE: Pois é, os trabalhadores não toparam muito, não. Assim como lideranças de esquerda e até membros do próprio partido de Jango. Havia um clamor para que as reformas de base fossem priorizadas. E o caminho dessas reformas dentro do Plano Trienal seria mais longo, árido e menos ousado do que se gostaria, porque a relação com o Congresso Nacional não era fácil pro presidente.

SUMAIA: Apesar de conquistas importantes.

ÂNGELA DE CASTRO: Em março é aprovado no Congresso o Estatuto do Trabalhador Rural. 

SUMAIA - De novo a professora Ângela.

 ÂNGELA DE CASTRO: Finalmente os trabalhadores rurais iam ter os direitos que os trabalhadores urbanos tinham desde antes de 1930. Então, finalmente, eles iam poder, inclusive, se sindicalizar, além de poder ter um salário mínimo, poder ter férias. Então, o Estatuto Trabalhador Rural mostra que, a despeito de todas essas dificuldades do governo Jango, ele conseguia ter vitórias importantes num Congresso onde ele tinha uma oposição muito forte.

ELIANE: Com a pressão vindo de todos os lados,  o governo Jango assumiu uma característica que o historiador Rodrigo Patto batizou como “pendular”.  Balançando hora para a esquerda, hora para a direita.

Efeito sonoro  🎶

RODRIGO PATTO: O jogo do João Goulart era fazer um governo de centro esquerda ou de esquerda até à direita moderada, digamos assim. Porque ele, também, como todos os presidentes hoje, tinha muito problema para ter uma base parlamentar sólida, para ter um apoio sólido, então buscava fazer uma frente, né? E nessa frente, ele tinha que agradar a todos, né? Então tinha horas que ele fazia medidas para agradar mais à esquerda, outras horas, ele fazia medidas para agradar a direita que o apoiava. E isso gerava conflitos nessa base, né? 

SUMAIA: O comportamento mediador, negociador, de João Goulart, acabou por angariar insatisfações de todos os lados num Brasil de pressões por projetos muito opostos.

Trilha  🎶

ELIANE: O Plano Trienal foi abandonado e, no segundo semestre de 1963, o presidente tomou a decisão de buscar no povo o apoio que ele precisava para fazer passar no Congresso as grandes mudanças estruturais que ainda estavam no papel.

SUMAIA:  De novo, Rodrigo Patto.

RODRIGO PATTO: Foi um momento em que a esquerda estava se reaproximando dele e tentando construir uma uma aliança com ele mais perene. Mas uma aliança para conseguir fazer as reformas. Não é que estavam tentando fazer com ele, como a direita o acusou, um acordo para fazer uma revolução no Brasil, pra dar um golpe de estado… É nesse momento que ele é derrubado pela direita, né? Ficaram com medo de que o Goulart abandonasse aquele lado pendular dele, aquela perspectiva pendular, esquerda direita, e ficar só para o lado da esquerda. 

ELIANE: E pode somar aí uma tentativa desastrada de decretar Estado de Sítio por 30 dias. No dia 4 de outubro, Goulart enviou o pedido ao Congresso Nacional. Dias antes, foi publicada nos Estados Unidos uma entrevista do Carlos Lacerda, o governador do estado da Guanabara, hoje Rio de Janeiro.

SUMAIA: Ele  era conhecido como derrubador de presidentes, e conspirava por golpes desde Getúlio. Na entrevista, Lacerda defendeu a interrupção de qualquer ajuda econômica ao Brasil e que Jango cairia ainda em 63. 

ELIANE: O Estado de Sítio permitiria ao governo intervir na Guanabara e tirar o governador do poder. Mas nem esquerda nem direita toparam a manobra, e, no dia 7, Jango recuou do pedido.

SUMAIA: Nesse cenário, segundo Ângela de Castro, o terreno ficou fértil para que os golpistas incubassem o ovo da serpente, embalado pelo discurso que a gente falou antes: o anticomunismo e as acusações de que Jango tentaria um golpe. Os recortes de jornais da época mostram a escalada da campanha contra as mudanças:

Trilha de leitura de jornais 🎶

DILSON SANTA FÉ : O Globo, 18 de dezembro de 1963. Câmara dos Deputados. João Mendes acusa Goulart de só pregar a subversão.

LUCIANO BARROSO: Jornal do Brasil, 9 de janeiro de 1964. O sr João Goulart ameaça arrancar as reformas de base - ou melhor, as suas reformas - a qualquer preço.

ELIANE: Peraí, Sumaia, que isso aqui eu quero ler. Um artigo do magnata das comunicações, o todo poderoso Assis Chateaubriand, em o Globo, transcrito de O Jornal do dia 13 de fevereiro, terminava assim, olha só: “estamos na plenitude da posse das fontes vivas da nação por uma rapinagem, que só tem este programa: exauri-las para afundar a nação nos braços de uma ditadura como os parceiros da Sierra Maestra organizaram na Pérola das Antilhas.

SUMAIA: Essa última referência, para quem não captou, é à Cuba, à revolução liderada por Fidel Castro e, claro, ao fantasma do comunismo. Mais um exemplo:

Trilha de leitura de jornais 🎶

DILSON SANTA FÉ: Estado de São Paulo, 25 de fevereiro de 1964: o presidente da República está lançado numa manobra de grande envergadura, cujo objetivo final é a realização, ainda este ano, de um plebiscito pelas reformas de base e a subsequente introdução, na Constituição Federal, de modificações que impliquem na virtual interrupção do jogo democrático. 

ELIANE: A oposição falava muito que Goulart tentaria permanecer no poder aprovndo a sua reeleição ou aumentando o tempo de governo.

SUMAIA: A contradição, né. Para impedir as mudanças que, segundo as notícias, interromperiam o jogo democrático, o golpe põe fim ao jogo democrático.

Trecho da música "Menino" de Milton Nascimento: “Quem cala sobre o teu corpo, consente…”

Efeito sonoro  🎶

ELIANE: E aí voltamos ao comício da Central do Brasil. Na verdade, quase uma semana depois dele. Dia 19 de março de 1964, com a reação da direita às reformas de base.

Trilha  🎶

CONVOCAÇÃO DA MARCHA DA FAMÍLIA: Convidam-se as mulheres de São Paulo, de todos os credos e de todas as nacionalidades, para participarem da Marcha da Família com Deus Pela Liberdade, que terá início às 16 horas do dia 19 de março, dia do Padroeiro da Família, saindo da Praça da República para a Praça da Sé.

Trecho da música "A Fábrica de Sonhos" do Gonzaguinha 🎶  “Coitada daquela gente que acreditou, marchando com minha família pedindo a Deus. Vai ter que rezar novamente…”

SUMAIA: Era a vez da direita ir pra rua. E prestou atenção na convocação que foi publicada nos jornais? Convidam-se as mulheres.

ELIANE: Mas por que mulheres? E quem eram elas? Nós tentamos entrar em contato com algumas instituições que organizaram a marcha. Entre elas, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, a antiga Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, a TFP. Tentamos também contato com a União Cristã Feminina de Campinas, filiada à União Cívica Feminina, que não existe mais ou, se existe, mudou e não deixou o endereço. 

SUMAIA: Ouvimos a promessa de que teríamos fontes para entrevistar, mas ninguém retornou.  Então pedimos ajuda para a professora da Universidade Federal Fluminense, Janaína Martins Cordeiro, que estuda o papel das lideranças femininas no golpe.

JANAÍNA MARTINS CORDEIRO: Eram mulheres de classe média que iam aos jornais, que liam, que tinham ligações diretas, redes, relações de proximidade, de amizade, às vezes com donos de jornais ou com as esposas dos donos de jornais, quer dizer, elas não eram mulheres mal informadas. Elas estavam informadas, mas eram também formadas por uma cultura anticomunista. E no caso dessas mulheres era realmente um anticomunismo de matriz religiosa. Então, havia uma crença recorrente de que uma vez o comunismo triunfando, ele seria deletério para as instituições que davam sentido à vida, ao mundo delas, que era a igreja, a família e a pátria.

ELIANE: Acontece que as lideranças dos movimentos tinham conexões. A Campanha da Mulher pela Democracia, ou Camde, por exemplo, tinha à frente Amélia Molina Bastos. Que sim, era uma professora primária. Mas também era esposa de militar e irmã do general Antônio de Mendonça Molina. Já Eudóxia Ribeiro Dantas era esposa de José Bento Ribeiro Dantas, presidente de uma das maiores companhias aéreas do país, a Cruzeiro do Sul.

SUMAIA: E esses dois homens tinham uma coisa em comum: o IPÊS, Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais. Sabe, aquele que a Ângela falou faz uns minutos?

ELIANE: A Instituição foi fundada por empresários paulistas e cariocas, recebia recursos do governo dos Estados Unidos e de empresas nacionais e multinacionais. E trabalhou intensamente pelo golpe.

 AMELINHA TELES: São mulheres que estão sendo arrastadas por uma dúzia de classe média branca, mulher de militar são mulheres de generais que vão, né, junto com a igreja e com os empresários e os políticos. E ali eu vi o Magalhães Pinto, que era o governador, um grande banqueiro. Um dos mais ricos do Brasil, senão o mais, na época, né?

ELIANE: Essa eh a Amelinha Teles, feminista, pesquisadora, que foi presa e torturada na frente dos filhos durante a ditadura. 

SOM DE DISCURSO NA MARCHA DA FAMÍLIA

SUMAIA: O “ali” é a Marcha da Família com Deus pela Liberdade. A primeira reuniu cerca de 300 mil pessoas, em São Paulo. Aliás, sabe quem discursou por lá? 

Trecho da música Rei do Gado 🎶

SUMAIA: O Auro de Moura Andrade, o filho do Rei do Gado, presidente do Senado, que entrou pra história oficializando o golpe.

ELIANE: De novo, Amelinha.

 AMELINHA TELES: E que vai fazer essa marcha como para mostrar à população, mascarar que era um golpe. Mas sim, era uma movimentação de massa, o povo queria o golpe, eles quiseram mostrar via mulheres.  Olha como é que eles usaram a política de gênero. Se você for ver quantas organizações de mulheres são organizadas naqueles, 63, 64, e acaba. 

SUMAIA: Mas Janaína argumenta que existiu, sim, um protagonismo dessas mulheres. 

JANAÍNA MARTINS CORDEIRO: Elas entendem que o papel delas é cuidar da casa, cuidar do marido, cuidar dos filhos, mas como justamente o lar e a igreja estão em perigo, elas se dispõem a sair do espaço privado e fazer política, que no entendimento delas, era uma coisa de homens. Elas foram para as ruas porque elas realmente se sentiam, sentiam que o mundo delas podia ruir, vir abaixo. Eu não entendo essas mulheres como braços femininos de instituições masculinas. Elas tinham suas próprias demandas e seu próprio entendimento da política. Inclusive elas entendiam que o lugar delas era de subserviência. Que elas só estavam fazendo aquilo porque os maridos deixavam”.

ELIANE: O que não impediu que os militares usassem essas mulheres pra legitimar o golpe, segundo a própria Janaína. 

JANAÍNA MARTINS CORDEIRO: A própria ditadura, os próprios militares passaram a se referir à ação das mulheres para justificar o golpe. Uma ideia de que nós viemos porque as mulheres chamaram, e era mais do que “as mulheres chamaram”, né, “as mães chamaram”. Então, como é que você vai contrariar o chamado de uma mãe?

ELIANE: Doze dias depois da tal marcha das mães conservadoras, o golpe foi consumado.

SUMAIA: Fato é que, passada a ditadura, muitas continuaram acreditando que trabalharam por um bem maior.

Efeito sonoro  🎶

A gente resgata o posicionamento da Eudóxia Ribeiro Dantas, que foi entrevistada pela jornalista Denise Assis, autora do livro Propaganda e Cinema a Serviço do Golpe. A frase tá no livro.

VOZ FEMININA LENDO O TRECHO: “Foi a maior glória da minha vida ter podido servir ao meu país”.

Trilha  🎶

DRAMATIZAÇÃO SONORA: PASSOS APRESSADOS. UMA PESSOA LIGA O RÁDIO E COMEÇA A SINTONIZAR. A RÁDIO NACIONAL TOCA

CGT CONVOCANDO GREVE GERAL: O comando geral dos trabalhadores, diante dos últimos acontecimentos, que confirmam a denúncia da articulação reacionária para golpear as liberdades democráticas e sindicais e depor o presidente da República, determina a imediata greve geral em todo o território nacional. 

ELIANE: Na madrugada do dia primeiro de abril, a Rádio Nacional deixou os microfones abertos para o depoimento de políticos e lideranças de movimentos sociais que se colocaram contra o golpe. 

SONORA DO RUBENS PAIVA: Está lançada inteiramente para todo o país o desafio: de um lado, a maioria do povo brasileiro desejando as reformas e desejando que a riqueza se distribua, ao lado da legalidade do presidente João Goulart. Os outros são os golpistas que devem ser repelidos, e desta vez definitivamente, para que o nosso país veja realmente o momento da sua libertação raiar.

SUMAIA: Esse aí é o apelo do deputado federal Rubens Paiva, que teve o mandato cassado e, anos depois, foi assassinado e teve o cadáver ocultado pela ditadura. Desaparecido até hoje. O áudio foi recuperado no especial de 50 anos do golpe feito pela EBC.

ELIANE:  A tentativa era repetir a cadeia de rádios da legalidade contra o golpe. Mas dessa vez, ela não durou.

SUMAIA:  A convocação de greve geral do Comando Geral dos Trabalhadores foi a última transmissão da Rádio Nacional que encontramos em nossos arquivos naquele dia.

CGT CONVOCANDO GREVE GERAL: O golpe que se inicia com a sublevação armada no Estado de Minas Gerais, sob o comando de Magalhães Pinto e seus cúmplices, Carlos Lacerda, Adhemar de Barros e Udo Meneghete, objetivo é impedir que se concretizem as reformas sugeridas na mensagem presidencial de 15 de março para manter odiosos privilégios contra o povo brasileiro. Em vários estados, as liberdades democráticas e sindicais já não vigoram e os trabalhadores estão sendo encarcerados e ameaçados de morte. Companheiros trabalhadores da cidade e do campo, em greve mantenhamos-nos unidos com os soldados, marinheiros, fuzileiros, cabos, sargentos…

ELIANE: Não sei se deu pra perceber, mas ela foi interrompida antes do fim. É que logo depois disso, a emissora foi fechada pelos militares e 36 colegas nossos foram demitidos. E é por isso que a segunda Marcha da Família, que foi às ruas no Rio de Janeiro, não foi noticiada pela Nacional. O ato conservador foi batizado de Marcha da Vitória, isso porque o golpe já estava dado. 

SUMAIA: A ditadura começava a impor um novo projeto econômico, político e cultural ao país. 

ELIANE: E o futuro das reformas estruturais de base ficou no passado.

SUMAIA: A gente ainda vai contar, aqui no Perdas e Danos, que Brasil foi esse que a ditadura forjou.

ELIANE: Mas, nos próximos episódios, o passado que não vingou ganha luz de novo. Vamos detalhar que reformas eram essas e como elas se relacionam a problemas graves que o país enfrenta até hoje. 

SONORA CARLOS MOURA: Provavelmente, se o Brasil tivesse feito a reforma agrária, nós não teríamos a periferia das cidades cheia, as periferias das cidades cheias de brasileiros e brasileiras vivendo de maneira muito longe do ideal, né? Sim. As pessoas são oprimidas e foram ocupando a periferia das grandes cidades.

SUMAIA: Começando pela mais falada delas: a reforma agrária. 

Trilha dos créditos 🎶

ELIANE: Futuro Interrompido  é a primeira temporada do podcast Perdas e Danos. Essa é uma produção original da Radioagência Nacional, veículo da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

SUMAIA: Toda quinta-feira a gente solta mais um episódio da temporada, então já salva nosso perfil e não esquece de usar a ferramenta de avaliação da plataforma se você gostou do que ouviu até aqui. Isso ajuda a chegar em mais gente.

ELIANE: Esse podcast é idealizado e narrado pela Sumaia Villela e por mim,  Eliane Gonçalves. A concepção de pauta da primeira temporada é minha. A Sumaia desenhou a segunda temporada.

SUMAIA: A nossa dobradinha segue em todas as etapas do projeto: pesquisa histórica, produção, entrevistas, roteiro, montagem e pós-produção no geral.

ELIANE: Contamos, ainda, com a valiosa e sensível participação da Fran de Paula. Ela também faz produção, entrevistas, contribui com enfoques, enfim.

SUMAIA: A edição, parte da montagem e divulgação nas plataformas é da Beatriz Arcoverde. 

ELIANE: A identidade sonora do podcast e a sonoplastia do episódio é de Jailton Sodré e foi feita a partir das composições gentilmente cedidas pelo Nelson Lin, nosso colega aqui na EBC. O Nelson também interpretou os trechos da música Cartas Celestes 2, do Almeida Prado, que aparecem na abertura e aqui no encerramento. Obrigada, Nelson!

SUMAIA: Já a identidade visual e a arte são assinadas pela Caroline Ramos.

ELIANE: Dilson Santa Fé e Luciano Barroso fazem a narração dos recortes de jornal da época. Rosemary Cavalcanti interpreta a líder conservadora Eudóxia Ribeiro Dantas.

SUMAIA: Pedro Cardoso lê o trecho do livro de Flávio Tavares. A vinheta do podcast tem as vozes de Marli Arboleia e Sayonara Moreno em destaque.

ELIANE: A versão do episódio em Libras, divulgada no YouTube, é feita pela equipe da EBC.

SUMAIA: Usamos material histórico do acervo da EBC, do Arquivo Nacional e da TVE do Rio Grande do Sul e da Univesp. Também usamos músicas do Gonzaguinha, dos irmãos Homero, Glauco e Ivan Ferreira, na voz de Moacyr Franco e Milton Nascimento, tudo com fins jornalísticos.

ELIANE: A narração foi gravada nos estúdios da EBC em Brasília e em São Paulo.

SUMAIA:  Agradecemos a Lucas Krauss, Denise Assis, Jorge Ferreira, Ricardo Berlitz, Pedro Cardoso e a toda a equipe do Acervo da EBC, pela ajuda com contatos, informações e apoio em geral.

ELIANE: E principalmente obrigada a você que nos ouviu até aqui. Se puder tirar um tempinho para contar o que achou do podcast, agradecemos muito.

SUMAIA: Por favor, deixe uma mensagem em ouvidoria@ebc.com.br ou no site ebc.com.br/ouvidoria. Também dá para fazer uma manifestação em Libras para o número (61) 99862-1971

Sobe som 🎶  

Concepção, idealização e narração

Eliane Gonçalves e Sumaia Villela
Pesquisa histórica, produção, entrevistas, roteiro, montagem e pós-produção no geral. Eliane Gonçalves e Sumaia Villela 
Produção, pesquisa, entrevistas e apoio Fran de Paula
Edição, montagem e coordenação dos processos

Beatriz Arcoverde

Identidade visual e design:

Caroline Ramos

Interpretação em Libras: Equipe EBC
Implementação na Web:

Beatriz Arcoverde

Identidade sonora e a sonoplastia Jailton Sodré
Trilhas Nelson Lin
Narrações de Recortes de Jornal Dilson Santa Fé e Luciano Barroso
Agradecimentos Lucas Krauss, Denise Assis, Jorge Ferreira, Ricardo Berlitz, Pedro Cardoso e a toda a equipe do Acervo da EBC
Trilha de abertura e encerramento Nelson também interpretou os trechos da música Cartas Celestes 2, do Almeida Prado, que aparecem na abertura e aqui no encerramento. Obrigada, Nelson!
   
   
   
   
   

 

Quer saber mais sobre o tema? Confira o Caminhos da Reportagem, produzido pela  TV Brasil e a série de entrevistas da Agência Brasil. 

 

Edição: Beatriz Arcoverde

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