O Tesouro Nacional divulgou nessa segunda-feira (24) o relatório do resultado primário das contas do governo. O levantamento aponta que as contas públicas continuam no vermelho.
O déficit registrado no mês de maio alcançou o valor de R$ 14,7 bilhões. É menor que a projeção inicial de déficit de R$ 15 bilhões, mas é maior que os R$ 11 bilhões negativos registrados no ano passado.
Mansueto Almeida atribuiu o resultado à queda na arrecadação de impostos, que deve chegar ao fim do ano com redução de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) - soma de todas as riquezas do país.
Em valores reais, o acumulado no ano é de R$ 17,3 bilhões no vermelho, maior que os R$ 15,9 bilhões de déficit acumulado de janeiro a maio do ano passado.
Para tentar controlar esse resultado, o governo contingenciou R$ 32 bilhões em despesas discricionárias no orçamento deste ano. São gastos não obrigatórios, como diárias de viagem e pagamentos a fornecedores, entre serviços de água, luz e vigilância.
O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, alertou que o investimento público também é um importante componente da despesa discricionária.
Como essa despesa está no menor nível desde o começo da série histórica, em 2009, o investimento também reduziu. Para o secretário, a situação não vai mudar muito até o fim do governo, porque a reforma da Previdência não faria o gasto diminuir - mas a despesa cresceria mais devagar.
Por isso, o governo ainda vai demorar a retomar os investimentos, mesmo com a aprovação da reforma.
O economista da Órama Investimentos Alexandre Espírito Santo destacou a importância das reformas tributária e da Previdência. Ele afirmou que a economia ainda vai levar tempo para melhorar e concordou com a equipe econômica, que descarta aumento de impostos.
O especialista em orçamento e finanças públicas Paulo Brasil Correa de Mello avaliou que o governo precisa priorizar as despesas e melhorar a articulação com o Congresso Nacional, para aprovar as reformas.
Ainda de acordo com o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, alguns órgãos públicos podem ter dificuldades para pagar serviços prestados até o fim do ano. E isso pode impactar as contas no ano que vem. A equipe econômica prevê que o cenário para os próximos dez anos vai exigir controle rigoroso das despesas.
A dívida pública deve encerrar o ano no valor que se aproxima de 80% do PIB. Esse percentual pode atingir o auge no ano de 2022, quando deve corresponder de 82% a 89% do PIB.