Casos de violência contra jornalistas no Brasil cresceram no último ano. De 2015 para 2016, os registros de agressões passaram de 137 para 161, um aumento de quase 18%.
Os dados foram apresentados nesta quinta-feira (12) pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), no Relatório Anual Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil.
Dobraram também as ações judiciais com intenção de cercear o trabalho dos profissionais de imprensa. Em 2015 foram nove casos e em 2016 o número saltou para 18, incluindo três processos que levaram à prisão de quatro jornalistas.
Para a presidenta da Fenaj, Maria José Braga, a situação de violência contra jornalistas no país se agravou, indo parar na esfera judicial.
Sonora: “Para nós, da Fenaj, essas penas são desmedidas porque o chamado crime de opinião no exercício da profissão tem que ser encarado diferentemente e tem que, de fato, haver uma investigação diferenciada já que o profissional trabalha com interesse público e muitas vezes, claro, desagrada interesses privadas. Pra nós, independentemente dos casos, os crimes de opinião tem que ser tratados no âmbito cível, e não criminal. Quatro jornalistas cumprindo pena de prisão, para nós é muitíssimo preocupante”.
Os principais agressores de jornalistas são a Polícia Militar ou guarda municipal, com 1/4 dos casos, seguido de manifestante, com 16%, ambas em contextos de manifestações de rua. Em terceiro lugar vem o que costumava ser o primeiro até 2012: políticos e seus parentes ou assessores, com 10%.
Ao todo foram 220 jornalistas agredidos e dois assassinados. Foram mortos Maurício Campos, dono do jornal O Grito, de Santa Luzia (MG), e João Miranda do Carmo, do site SAD sem Censura, de Santo Antônio do Descoberto (GO). O relatório destaca também a demissão de 1,2 mil jornalistas em 2016 e três casos de censura. A presidenta da Fenaj destaca que a violência e principalmente a censura são subnotificadas.
Com informações de Akemi Nitahara, da Agência Brasil