Olá! Eu sou a Isabela Azevedo e está começando o Na Trilha da História. Hoje, nosso assunto é a participação do Brasil na Primeira Guerra Mundial, conflito que colocou países como a Inglaterra e a França contra a Alemanha. Em 1917, há exatamente 100 anos, o Brasil abandonou a posição de neutralidade e entrou oficialmente em guerra contra os alemães. Quem vai nos contar mais sobre isso é o historiador militar Carlos Daróz, autor de um livro sobre o tema. O pesquisador lembra que a guerra chegou por aqui pelo mar.
Sonora: "Então, os submarinos alemães começam a atuar com bastante intensidade no Oceano Atlântico e começam a afundar navios dos países que estavam em guerra, por exemplo, navios ingleses. Só que com essa intensificação da campanha submarina, navios de países neutros começam a ser afundados também."
Um dos marcos dessa história foi o ataque ao navio brasileiro com o nome de Paraná. A embarcação foi afundada em abril de 1917 e três marinheiros brasileiros morreram.
Sonora: "Isso gerou uma grande comoção no Brasil. Empresas de origem alemã foram depredadas no sul do país, houve grita geral na imprensa... Mas mesmo assim, o Brasil não declara guerra à Alemanha. Ele rompe relações diplomáticas, expulsa o embaixador, mas, por uma questão de precaução, ainda não declara guerra."
Em maio de 1917, outros dois navios brasileiros foram afundados pela Alemanha. Mas o estopim para a entrada do Brasil na Primeira Guerra foi o ataque alemão ocorrido em 18 de outubro.
Sonora: "O afundamento do navio Macao foi a gota d'água e o Brasil declara guerra à Alemanha em outubro de 1917./ Mas declarar guerra é uma coisa, outra coisa é definir como o Brasil iria contribuir com o esforço de guerra dos aliados. Até porque tanto o Exército quanto a Marinha do Brasil eram muito deficientes. Os navios eram antigos, obsoletos... O Exército brasileiro era pequeno e muito disperso no território nacional."
Os aliados, então, solicitaram o envio à Europa de médicos brasileiros.
Sonora: "Havia uma demanda de tratamento de feridos e de doentes porque um surto de gripe espanhola se abateu sobre a Europa, chegou às Américas, morreram milhares de pessoas no Brasil, causando na Europa milhões de mortes. Morrem mais pessoas em decorrência da gripe espanhola do que em decorrência da Guerra."
Mas o papel principal da atuação do Brasil na Primeira Guerra ficou com a Marinha.
Sonora: "A Marinha foi a nossa maior participação. Foi organizada uma divisão naval composta por dois cruzadores, quadro contra-torpedeiros, um navio de apoio e um rebocador. Totalizava a Marinha de Brasil um total de 1200 homens nesses navios. E eles seguiram para a Europa com o objetivo de fazer o patrulhamento anti-submarino onde havia poucos navios ingleses, que era justamente a costa da África."
E Carlos, quantos brasileiros participaram da Primeira Guerra?
Sonora 6 "Nós tivemos a participação de 1500, 2000 mil pessoas somente na Guerra de maneira direta. Desse contingente, tivemos cerca de 200 mortos. Bem diferente da Segunda Guerra Mundial, em que participamos com 30 mil, 40 mil pessoas... e tivemos mais de mil mortos."
Podemos, então, dizer que a participação do Brasil na Primeira Guerra foi pequena?
Sonora: "Se a gente olhar o tamanho da Primeira Guerra, a quantidade de países e de pessoas que tomaram parte, e olhar a contribuição do Brasil, a gente pode dizer que a contribuição do Brasil foi muito pequena, foi mínima. Mas para o Brasil foi muito importante porque o país se inseriu num cenário internacional ao qual ele não tinha acesso antes."
Esta foi a versão reduzida do Na Trilha da História. O episódio completo tem 55 minutos e traz, além da entrevista na íntegra com o historiador Carlos Daróz, músicas brasileiras de pop rock com letras sobre guerras!/ Para ouvir, acesse: radios.ebc.com.br/natrilhadahistoria. Se você tiver alguma sugestão de tema para o programa, envie um e-mail para culturaearte@ebc.com.br. Até semana que vem, pessoal!
Na Trilha da História: Apresenta temas da história do Brasil e do mundo de forma descontraída, privilegiando a participação de pesquisadores e testemunhas de importantes acontecimentos. Os episódios são marcados por curiosidades raramente ensinadas em sala de aula. Tem periodicidade semanal. Acesse aqui as edições anteriores.