Empinar pipa, jogar bola ou simplesmente andar em um carrinho de rolimã deveria ser uma realidade na vida do pequeno João Carlos de Oliveira. Mas, órfão de mãe, com apenas sete anos, ele precisou trabalhar como lavador de carros.
E foi somente passando da adolescência para fase adulta que a cinzenta vida de sacrifícios começou a mudar de cor. O treinador Pedro Henrique de Toledo, mais conhecido como Pedrão, olhou para aquele rapaz alto e magrelo e percebeu o potencial que ele tinha como atleta.
Pedrão apostou e ganhou. A sucessão de vitórias consagrou João Carlos de Oliveira como atleta. E João era mesmo um campeão, acumulou muitas vitórias.
Em 1973, escreveu definitivamente seu nome na história. João quebrou o recorde mundial júnior de salto triplo, no Campeonato Sul-Americano de Atletismo. Virou um atleta especializado em saltos.
Seus feitos foram destaque várias vezes nas primeiras páginas dos jornais. Recordista mundial do salto triplo, medalhista olímpico e tetracampeão pan-americano no triplo e no salto em distância.
Logo o Brasil e o mundo começaram a chamá-lo de João do Pulo.
Mas, em 22 de dezembro de 1981, João Carlos de Oliveira teve a carreira de atleta cruelmente encerrada. Um acidente automobilístico custou-lhe a amputação da perna direita. Perder a perna e deixar as competições lhe roubaram a alegria de viver.
Deprimido e alcoólatra, o atleta passou os últimos anos de sua vida solitário. Sua maior companhia? A bebida. Com dificuldades financeiras, chegou a ser preso por não pagar pensão alimentícia a um de seus dois filhos.
Mas, ainda que infeliz e decadente, seu feito como atleta ninguém poderia apagar. E João depois que se despediu dessa vida virou selo e carimbo. Uma homenagem póstuma dos Correios pelos 41 anos do recorde estabelecido por ele no Pan de 1975.
João do Pulo morreu em 29 de maio de 1999 de cirrose hepática e infecção generalizada.
Pesquisa, texto e edição: Patrícia Leite
Sonoplastia: Messias Melo
Apresentação: Carmen Lúcia