Vozes Negras: comunicadores produzem conteúdos para visibilidade negra
A Radioagência Nacional apresenta, em uma série de três reportagens, comunicadoras negras que têm trabalhado em diferentes áreas, na luta contra o racismo. As matérias serão publicadas ao longo da semana, do dia 13 ao dia 15 de fevereiro de 2023.Esta é a primeira reportagem da série. Os links para as demais matérias serão inseridos ao final desta página conforme suas publicações.
Vozes Negras: comunicadores produzem conteúdos para visibilidade negra
Apresentar para a sociedade a trajetória e a obra de personalidades negras, como Carolina Maria de Jesus, Sueli Carneiro e Maria Firmina dos Reis. Com esse objetivo o podcast original do Spotify Vidas Negras, produzido pela Rádio Novelo e criado pelo jornalista Tiago Rogero, ganhou o mundo. São ao todo 30 episódios. O primeiro foi finalista, em 2021, do principal prêmio de podcasts dos Estados Unidos, o do Third Coast International Audio Festival.
Rogero conta que a ideia do projeto surgiu em 2018, ao assistir uma palestra da escritora Conceição Evaristo, uma grande expoente da literatura contemporânea brasileira.
“Ela disse que ensinam a Revolução Farroupilha nas escolas mas não a Revolta dos Malês. E aí eu fiquei pensando que de fato eu já tinha consumido coisas sobre a Revolução Farroupilha na escola, também na minha vida adulta, na minha adolescência vi uma minissérie da TV Globo, mas não aprendi quase nada sobre a Revolta dos Malês. Então eu quis fazer algo dentro do jornalismo que ajudasse a contar essas histórias que eu considerava e considero ainda muito pouco contadas”.
Apesar do crescimento de iniciativas como a dele, o jornalista acredita que muitos brasileiros ainda desconhecem essas histórias. Por isso, depois de lançar o Vozes Negras, ele passou a trabalhar no Projeto Querino, um conjunto de publicações, incluindo um podcast, que conta alguns dos principais momentos da história brasileira sob a ótica dos africanos e de seus descendentes. O projeto foi lançado em agosto do ano passado.
“Sim, eu acredito que ainda há muito desconhecimento, apesar do esforço que já vem de muitos anos, de muitos professores em sala de aula para contar essas versões mais completas da nossa história, apesar de uma lei importantíssima que está completando 20 anos esse ano, que é a lei 10639, que obriga o ensino de história e cultura africanas e afro-brasileiras nas escolas do Brasil, particulares e públicas”.
Para reverter essa situação, Rogero defende que leis como essa precisam ser cumpridas, e o poder público precisa ser mais sensível às questões raciais. Ele acrescenta que também deve haver mais espaço nas mídias, especialmente às tradicionais, para abordar o tema.
“A mídia tradicional ela tem mais barreiras porque a gente tem que pensar quem são as pessoas que tomam decisão na mídia convencional né, nos chamados veículos da grande imprensa. São em geral editores, brancos, e cujo conteúdo de seus veículos refletem o pensamento de homens brancos”.
Neste cenário, de acordo com Rogero, a Internet acaba oferecendo um ambiente mais plural para a veiculação destes conteúdos. E ele destaca que o material produzido pelos comunicadores negros é de grande importância para o combate ao racismo.
“A importância é mostrar possibilidades de existência de pessoas negras em um país tão racista como o Brasil, mostrar essas possibilidades de existência fora dos estereótipos que essa sociedade racista tenta impor sobre as pessoas negras, que ela cria sobre as pessoas negras”.
Se você se interessou pelos projetos, mais informações estão disponíveis no site www.tiagorogero.com. Você também pode procurar o Vidas Negras no Spotify e o Projeto Querino nas principais plataformas de streaming.
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