Trabalhar por conta própria tem sido a opção escolhida por muitas mulheres que precisam conciliar a ocupação remunerada com o cuidado dos filhos. De acordo com uma pesquisa feita pelo Sebrae, baseada em dados do IBGE, essa foi a principal motivação para 80% das mulheres empreendedoras do Rio de Janeiro. Já entre os homens, esse percentual cai para 51%.
E quando se compara mulheres e homens que trabalham por conta própria, a quantidade de horas dedicadas à casa e à família é muito superior entre o público feminino. Justamente por causa dessa sobrecarga de trabalho, 66% das entrevistadas pelo Sebrae acreditam que enfrentam mais dificuldades para ter um negócio do que os homens.
De acordo com a gerente de relacionamento do Sebrae, Carla Panisset, as mulheres também encaram um caminho muito mais tortuoso que os homens para consolidar seus negócios:
Esse é o caso de Mariana Macedo, que abriu uma empresa de doces em 2016, para complementar a renda familiar. Mas, depois de ser demitida em 2020, por causa das frequentes ausências para cuidar da filha caçula, que é neuroatípica, ela decidiu focar totalmente na confeitaria. Ela confirma que o maior desafio é adequar as demandas do negócio com a rotina de cuidados com os filhos. Mas, também acredita que o trabalho por conta própria foi a melhor escolha.
A pesquisa também mediu a percepção sobre o preconceito de gênero. Apesar de apenas 17% das entrevistadas afirmarem já ter sofrido alguma discriminação por ser mulher no seu ramo de atuação, 42% delas já viram alguma mulher sofrer preconceito. A gerente de relacionamento do Sebrae, Carla Panisset, complementa que essa discriminação pode ocorrer de diversas formas.
O Sebrae também mediu quem são os principais incentivadores das pessoas que resolvem abrir um negócio. No caso das mulheres, os pais vêm em primeiro lugar, seguidos por clientes, fornecedores e só então os cônjuges. Já entre os homens, quem aparece primeiro são os amigos, seguidos pelos cônjuges e depois clientes e fornecedores. Pelo menos na hora de decidir manter o negócio, os companheiros e as companheiras aparecem como principais incentivadores para ambos os sexos.