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Estudo revela baixa taxa de fertilidade mundial

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Madson Euler - repórter da Rádio Nacional*
25/04/2024 - 16:26
São Luís
Bebê em enfermaria de maternidade em Cabul, no Afeganistão
© REUTERS/Jorge Silva/direitos reservados

Um estudo publicado pela revista britânica The Lancet revela que até o ano de 2100, apenas seis países, de um total de 204, terão níveis de nascimento suficientes para reposição sustentável da população ao longo do tempo. São eles: Samoa, Somália, Tonga, Nigéria, Chad e Tajikistão. 

O trabalho analisa os dados entre os anos de 1950 e 2021 e faz a projeção para 2050 e 2100. A taxa de fertilidade considerada aceitável em nível de reposição populacional é de 2,1 filhos por mulher ao longo da vida. Mas as projeções mostram que praticamente todos os países vão chegar a uma taxa de 1,59, em 2100. Esse número era de 4,84 em 1950 e chegou a 2,23 filhos por mulher ao longo da vida em 2021. No Brasil, por exemplo, a taxa de fertilidade era de 5,93 filhos, em 1950; caindo para 1,93, em 2021.

As irmãs Elita e Marília Tavares são um exemplo da diminuição da taxa de fertilidade aqui no país. Enquanto a mãe delas teve 4 filhos, Elita explica porque optou por ter apenas 1 filha.

"Na época eu morava longe de familiares. E hoje mesmo essa situação ter sido resolvida, morando em outra outra localidade, e bem mais estabilizada, mesmo assim eu não tive mais interesse em engravidar. Fiquei só com uma mesmo e não me arrependo". 

Já a irmã dela, Marília, decidiu não ter filhos, mas por outras motivações.

"Eu decidi não ter filhos há algum tempo. Porque a mulher, hoje em dia, sempre foi, mas cada dia mais, ela vem sendo muito sobrecarregada. O trabalho de educar uma criança ao longo da vida. Muitos veem como um ato egoísta,  já eu penso o contrário, que é um ato de amor como um cidadão, com uma pessoa que você vai colocar no mundo, quando você tem que ter muita responsabilidade e muita dedicação". 

Rafael Moreira, pesquisador do departamento de Saúde Coletiva da Fiocruz Pernambuco, e integrante do grupo internacional responsável pelo estudo, dá o exemplo da previdência social como fator a ser considerado a partir da diminuição da taxa de fecundidade. 

"Então tudo isso tem implicações interessantes, porque por um lado, interessante a gente observar uma população envelhecendo, com a fecundidade baixa,  fruto de um melhor desenvolvimento social, econômico, acesso ao mercado de trabalho, maior escolaridade, acesso ao meio de contracepção métodos contraceptivos. Mas por outro lado gera preocupações relacionadas à previdência a forma de aposentadoria na medida que a gente vai ter menos pessoas em idade produtiva e mais pessoas acima de 60 anos".  

Os pesquisadores alertam ainda que os dados de diminuição da taxa de fertilidade em grande parte do planeta devem ser considerados pelos governos no planejamento de políticas públicas em setores como segurança alimentar, saúde, meio ambiente e segurança geopolítica.

*Com produção de Tâmara Freire

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