Com quantos paus se faz uma canoa? E com que madeira a embarcação é mais segura, e também causa menos danos à floresta?
Para responder a essas perguntas, um estudo da Universidade Estadual do Pará pesquisou o uso de diferentes tipos de madeira para construção de embarcações no Sudeste do estado.
A madeira foi coletada durante visitas a estaleiros da região. As espécies mais utilizadas pelos construtores são piquia e tatajuba, mas também foi identificada a castanheira, uma árvore protegida por legislação federal, e que não pode ser derrubada.
O estudo também verificou que existem semelhanças nas madeiras utilizadas para a produção de barcos na região, de acordo com a tecnologia utilizada – nem muito macias, nem duras demais.
O coordenador da pesquisa, professor Luiz Eduardo Melo, revela que, como a construção de grande parte dos barcos na Amazônia é tradicional, quase artesanal, e com baixa tecnologia, é comum o equívoco na escolha das madeiras, como no caso da castanheira, às vezes até por desconhecimento do construtor.
O engenheiro florestal Marcelo Mendes Braga Júnior, que também participa da pesquisa, informa que, com o estudo, vai ser possível ampliar o número de madeiras em condições de serem utilizadas para construção de barcos na região, que hoje está limitado a menos de dez espécies. E assim, equilibrar a pressão sobre os recursos naturais.
De acordo com os pesquisadores, os resultados do estudo podem contribuir com o mercado madeireiro na região, tanto no controle da madeira extraída, como para promover um melhor aproveitamento dessa matéria-prima. A pesquisa Propriedades Tecnológicas da Madeiras Utilizadas em Barcos no Sul do Pará já está publicada, no Brasil e no exterior.