Pesquisadores da Uerj tentam identificar coronavírus em esgoto da comunidade Santa Marta, no Rio
Pesquisadores do Laboratório de Radioecologia e Mudanças Globais, da Uerj, iniciaram na comunidade Santa Marta, em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro, projeto para avaliar se existe algum tipo de contaminação no ar e no esgoto pelo novo coronavírus.
Nesta semana, as equipes colheram amostras de aerossóis da saída de valas de esgotos que correm a céu aberto e de partículas do ar nas localidades do Cantão e do Pé da Escada, que são áreas de grande movimentação de moradores da favela.
O projeto, que vai colher ainda amostras da água de 10 pontos de esgotos, tem à frente o professor Heitor Evangelista. Ele explicou que o material coletado será analisado pelas equipes da Uerj e da Fiocruz, mas que não há previsão para a divulgação do laudo.
A proposta da Uerj é, depois de ter os dados das coletas analisados, avaliar a necessidade de implementação de novas medidas para reduzir os riscos de propagação, como maior ventilação, maior assepsia, uso de proteção mais eficiente e controle do número máximo de pessoas.
A iniciativa de convidar a Uerj partiu do líder comunitário e guia de turismo da Santa Marta Thiago Firmino. Ele disse que se for comprovada a presença do vírus, será a oportunidade de fazer uma ação de política pública e obras de saneamento com a cobertura dos esgotos.
Desde o início de abril, Thiago e outros 11 voluntários fazem ações de sanitização na comunidade duas vezes por semana. Ele conta que conseguiu comprar o equipamento com doações de amigos, e que o objetivo é contribuir para evitar o avanço da Covid-19 na comunidade, onde moram cerca de 1.750 pessoas em pelo menos 700 casas.
De acordo com estatísticas do governo do estado, 36 pessoas no Santa Marta foram infectadas pelo novo coronavírus e nenhuma morte foi registrada. Firmino contesta e diz que o número de contaminados passa de 100 e que pelo menos 10 pessoas morreram por causa da doença.