Lava Jato: O ano da delação do “fim do mundo”, dos áudios da JBS e da condenação de Lula
O ano foi de revelações na Operação Lava Jato. Com a divulgação das delações de executivos da Odebrecht - a chamada “delação do fim do mundo” -, a classe política se viu envolvida em escândalos e denúncias.
Com base nas colaborações, o relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, autorizou a abertura de cerca de 80 inquéritos para investigar 24 senadores, 39 deputados, oito ministros e três governadores. A quantidade de suspeitos causou espanto em todo o país. Mas, segundo o empresário Emílio Odebrecht, o esquema de pagamento de propinas e favorecimento era natural no velho jeito de fazer política.
Mas o que surpreendeu mesmo foi o vazamento de um áudio pelo executivo da JBS, Joesley Batista, onde o presidente Michel Temer supostamente dava o aval para a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha.
Um dia após o vazamento, Michel Temer se defendeu.
O caso estremeceu o governo e levou Temer a ser o primeiro presidente a ser denunciado por crime comum no exercício do mandato. Mas, após várias negociações, os deputados não autorizaram a abertura de inquérito no Supremo.
Na mesma época, outro escândalo estourou: o ex-deputado e ex-assessor de Temer Rodrigo Rocha Loures foi flagrado correndo com uma mala de dinheiro. Os R$ 500 mil levados por ele seriam propina do ex-executivo da J&F Ricardo Saud.
Outras malas que chamaram a atenção foram as do ex-ministro Geddel Vieira Lima. Após 14 horas contando os valores, os agentes encontraram R$ 51 milhões, a maior apreensão de dinheiro vivo da história da Polícia Federal.
A delação de Joesley Batista também atingiu o senador Aécio Neves. Em áudio gravado pelo empresário, o tucano supostamente aparece combinando o pagamento de R$ 2 milhões. Mais tarde, a Polícia Federa flagrou o primo de Aécio, Frederico Pacheco, recebendo parte dos valores.
Em nota, o tucano explicou que o dinheiro foi um pedido de empréstimo, sem contrapartidas, para pagar os custos de sua defesa em processos na Justiça. Após a divulgação, Fred e a irmã do senador, Andrea Neves, foram presos. E Aécio foi afastado do cargo.
Também este ano, o ex-presidente Lula e o juiz Sérgio Moro ficaram frente a frente pela primeira vez. Em quase cinco horas de interrogatório, Lula negou ser o dono do triplex no Guarujá.
Mas Sérgio Moro condenou o ex-presidente pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo Moro, Lula ocultou a propriedade, que foi recebida como propina da empreiteira OAS em troca de favores na Petrobras. O petista recorreu da decisão. E o julgamento será em janeiro.