As reclamações contra o mercado de crédito consignado são muitas e elas dispararam de 2019 para 2020, segundo reconheceu a Febraban, a Federação Brasileira de Bancos, em audiência nesta quinta-feira (24) na Câmara dos Deputados.
A sessão promovida pela Comissão de Fiscalização e Controle da Casa discutiu o problema do vazamento de dados de beneficiários do INSS e do assédio praticado contra pensionistas e aposentados com a oferta insistente de crédito consignado. Foram tratados também os casos de empréstimos feitos sem a autorização das pessoas.
A Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) informou que o setor criou, em janeiro do ano passado, uma autorregulação para tentar coibir a prática de assédio na oferta de crédito consignado. Autorregulação que, segundo a Febraban, puniu 436 correspondentes bancários em pouco mais de um ano de vigência, com 21 casos de correspondentes suspensos definitivamente.
Segundo o representante dos bancos, Amaury Oliva, uma consultoria contratada, entre 2019 e 2020, para avaliar a possibilidade de vazamento de dados pelas instituições financeiras, constatou que o sistema estava seguro.
A consultoria contratada pelos bancos ainda apresentou recomendações ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e à Dataprev, estatal que faz a gestão dos dados públicos, no sentido de melhorar o sistema de proteção contra vazamentos. O INSS informou que o órgão tem tomado as medidas recomendadas pela consultoria com a dupla checagem dos servidores na hora de acessar os dados e com uso de inteligência artificial para reforçar a segurança. O presidente do INSS, Leonardo Rolim, opinou que a autorregulação até agora empreendida pelo setor financeiro não é suficiente para coibir os abusos e propõe o uso de um sistema biométrico para confirmar os empréstimos.
Para o presidente do INSS, a maior parte dos casos de assédio e de empréstimos indevidos ocorre pela via dos correspondentes bancários, que são empresas contratadas pelos bancos para prestar serviços de atendimento aos clientes das instituições financeiras.