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Saúde

Amor e apoio: ações que fazem a diferença na prevenção ao suicídio

Pacientes e médicos apontam os caminhos de como ajudar quem precisa
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Ana Lúcia Caldas
11/09/2020 - 15:34
Brasília
Dia dos Namorados
© Imagem da internet

Estamos no Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio.

Sonora: “Quem vive com você, quem convive com você tem que estar atento aos sinais […] Pode ter uma crise chegando. No final das contas, é quem te ama que se preocupa [...]

Marcelo Aceti tem depressão e ansiedade. Ele está no Grupo de Apoio à Pessoa com Depressão e escreve um livro para ajudar quem ama aqueles que sofrem.

Os transtornos afetivos, álcool e drogas são responsáveis pela maioria dos suicídios, como cita Antonio Geraldo da Silva presidente, da Associação Brasileira de Psiquiatria.

Sonora: “De 36% a 37% de quem tenta o suicídio tem algum tipo de transtorno afetivo. Isso é um fato psiquiátrico a ser tratado. De 22% a 23% têm histórias de abuso de álcool e outras drogas, daí tem esquizofrenia, transtorno de personalidade, transtornos ansiosos. Prova de que precisa tratar as pessoas, abordar de forma séria, cuidar, dar acesso ao tratamento.”

A psiquiatra Alexandrina Meleiro pede para ficar de olho nas alterações de comportamento.

Sonora: “O suicídio ainda é cercado de muito tabu, muito preconceito e estigma, como se não pudesse falar. Na verdade, a gente tem que falar. Falar é diferente de ensinar como se faz. A gente tem que conversar, falar dos fatores de risco, dos fatores de proteção. É mito que quem fala não faz. Muitas pessoas dão dicas, avisos. Grande problema é que pais, professores, pessoas à volta não estão atentos aos comportamentos que a pessoa possa ter.”

Leila Herédia, do Centro de Valorização da Vida, fala de alguns sinais de alerta.

Sonora: “Às vezes, a pessoa acha que é preguiça. Nossa por que eu estou assim? Não estou conseguindo render como rendia. Não consigo mais me levantar. Não consigo conversar com ninguém A pessoa não consegue se alimentar mais. Ou, ao contrário, se alimenta demais. Fazia coisas que antes eram prazerosas e, agora, não consegue mais fazer. São coisas que indicam que ela precisa de apoio, que ela precisa de ajuda, antes que chegue a pensar em suicídio.

Segundo Alexandrina Maleiro como fazer a abordagem quando o assunto for suicídio.

Sonora: “Quando for começar a conversar, não fazer julgamento, não fazer crítica. Não dizer coisas como: ah, isso vai melhorar, isso vai passar. Não banalizar. Ao contrário, mostrar que a gente vê a situação com empatia. Ver o ponto de vista do outro, mostrar que a gente é um bom ouvinte. Tem que ouvir não só o fato que pessoa fala, mas perceber e compreender, as emoções, os medos que a pessoa está tendo. Ver a distorção de percepção que a pessoa tem e, por isso, com essa distorçã ela pensa que a única solução é o suicídio.”

Leila do CVV entende que a prevenção ao suicídio se faz em rede

Sonora: “São famílias, amigos, profissionais de saúde, poder público, todos podem participar dessa necessidade de acolhimento, desse ouvir o outro e respeitar a dor dele.”

E como superar um sofrimento tão grande? Zeina Soares consegue graças ao tratamento médico e ao Grupo de Apoio à pessoa Depressão.

Sonora: “Me fez entender que eu teria que tentar caminhar por minhas próprias pernas. Hoje em dia, se eu tiver uma crise ou outra, eu sei como lidar, como fazer pra me levantar.”

Outros, como Marcelo Aceti tiveram também suporte profissional.

Sonora: “Se hoje eu estou aqui é porque eu tive apoio de familiares, de amigos, de pessoas que me amam, e também apoio profissional, de psiquiatra, de psicólogos, pra poder lidar com isso. E entender que não é uma frescura, não é falta de Deus. É uma doença. A gente precisa entender que depressão é uma doença.”

E, como doença, Ricardo Oliveira acredita na divulgação como prevenção.

Sonora: “Ainda é um assunto tabu. Um assunto que as pessoas têm vergonha. O lado emocional, seu lado íntimo, nesse sentido, acaba sendo uma preservação cruel. Você preservar, não quer partilhar e acaba provocando mais depressão, fica cada vez mais isolado. Então é um assunto que tem que vir à nota como qualquer outro, como um tratamento de diabete, que tem que ter controle. Saúde mental é como a saúde de qualquer outro órgão do corpo. Então, a depressão precisa ser falada, conversada, pra que, cada vez, conscientize e aceite o tratamento e que a ampla divulgação é benéfica em todos os sentidos.”

* Produção: Rosemary Cavalcanti

 

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** Áudio substituído, pois não era o correspondente à quinta matéria da série especial Setembro Amarelo e, sim, à segunda

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