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Saúde

Setembro Amarelo: idade é levada em conta na prevenção ao suicídio

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Ana Lúcia Caldas - Repórter da Rádio Nacional*
07/09/2021 - 08:08
Brasília

Nós estamos envelhecendo. E esse fato pode ser um ponto de preocupação porque é justamente entre as pessoas com 70 anos ou mais que as taxas de suicídio são maiores. Em quase todo o mundo. E aqui no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, não é diferente.

Leila Herédia, do Centro de Valorização da Vida, diz que, apesar das ligações para lá serem sigilosas, ou seja, não se questiona a idade da pessoa que está em busca de ajuda, de um aconselhamento, o que se observa nesses telefonemas é um sentimento comum. “Angústia, preocupação, tristeza, a frustração de não poder levar uma vida como gostaria, tristeza por levar uma vida como gostaria, por perder pessoas queridas ou mesmo por perder uma vida que tinha e não tem mais. Então esses têm sido os sentimentos mais comuns e mais recorrentes digamos assim. Esses sentimentos podem sim contribuir para o aumento de casos especialmente nas pessoas mais velhas", diz.

Mas, quais são os fatores de risco? Rita Cecília Reis psiquiatra  do Projeto Terceira Idade (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Usp), em São Paulo, cita que entre eles estão o difícil acesso à saúde e a depressão que no idoso tem sintomas diferentes daqueles apresentados nos adultos, podendo até vir disfarçado de outro tipo de dor. Para a médica, a falta de uma política de saúde e a violência contribuem para o aumento de casos. "O abandono, nós temos muitos idosos abandonados pela saúde. E nós não temos locais para acolhê-los. Nós não temos uma política de saúde para os idosos infelizmente e tem aumentado também, significativamente, a quantidade de violência contra os idosos. Isso é uma coisa que a gente tem visto. A quantidade de violência aumenta, e a quantidade de suicídio também tem aumentado proporcionalmente", relata.

A psicóloga, Claudia Weyne com doutorado sobre o tema “suicídio de idosos em municípios do Rio Grande do Sul” aponta, além do abandono, outras causas até mesmo a falta de dinheiro para comprar remédios. “As doenças incapacitantes, a dor crônica, a solidão, a escassez dos recursos financeiros, que às vezes nem consegue comprar a medicação necessária. Quando a gente fala em suicídio  ele é um fenômeno muito complexo. A gente nunca pode pensar em uma única causa. Ele sempre será a sobreposição de vários fatores", conta.

O suicídio é considerado pelo Ministério da Saúde como um problema de saúde pública. Em 2019, foi aprovada a Lei que instituiu a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio aqui no país. E se existir algum fator de risco, quais os sinais de que o idoso precisa de ajuda.? A gente fala  sobre isso na próxima reportagem. Quer ajudar? Está precisando de ajuda? Anote ai: CVV, no 188 e site , Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), UPA 24 horas e SAMU são alguns serviços.

*Com Produção de Rosemary Cavalcanti e sonoplastia de Messias Melo

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