Pesquisadores da faculdade de medicina da USP e da Fiocruz de Pernambuco estão desenvolvendo uma vacina de DNA contra o zika vírus. Nos testes preliminares em camundongos, a vacina se mostrou eficaz induzindo resposta imune contra o vírus.
Uma das pesquisadoras a biomédica Franciane Teixeira explicou como funciona a montagem dessa vacina de DNA.
“Desenhamos a sequência genética da proteína do zika chamada de envelope, que é a principal região indutora de anticorpos neutralizantes, e inserimos em uma molécula de DNA circular chamada de plasmídeo, que atua como vetor, carregando esse código pra dentro da célula. Dentro da célula, a partir da própria maquinaria celular do hospedeiro, esse código é, então, traduzido, fazendo com que o próprio organismo produza as proteínas-alvo do zika. A partir daí então, é possível ativar o sistema imunológico, pra produção de anticorpos específicos, que vão se ligar na superfície do zika e impedir a sua entrada na célula”.
Outro elemento que ajuda a melhorar a resposta imune é a inclusão de um adjuvante, de sais de alumínio na vacina.
As vacinas de RNA mensageiro têm tecnologia semelhante às de DNA. A principal vantagem, de acordo com os pesquisadores, é que são potencialmente mais baratas. Além disso, são mais eficientes que os imunizantes atuais e também podem ser desenvolvidos mais rapidamente para respostas emergenciais como o caso das vacinas contra a covid.
Franciane Teixeira explicou ainda quais são os desafios e os próximos passos no desenvolvimento da vacina gênicas.
“Por outro lado, as vacinas gênicas têm um fator limitante, que é garantir a integridade desse material, pra que, no momento que ele entra na célula, não sofra nenhuma degradação, e possa então favorecer a produção das proteínas-alvo do vírus de interesse e levar uma ativação adequada desse sistema imunológico, gerando anticorpos e toda imunidade”.
O artigo sobre a eficácia da vacina foi publicado, este ano, na revista Frontiers. A pesquisa foi financiada pela Fapesp, a agencia de fomento à pesquisa de São Paulo, a Facepe, a agencia de fomento à pesquisa de Pernambuco e o CNPq, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
O zika vírus é transmitido pelo Aedes Aegypti, o mesmo mosquito da dengue e, se atingir grávidas, pode causar anencefalia.
Em 2023, o Ministério da Saúde registrou mais de 6.200 casos de zika vírus em todo o país. Este ano já são mais de 3.200 casos confirmados.