A Cúpula Global de Preparação para Pandemias 2024 chega ao fim com a assinatura da Declaração do Rio de Janeiro. Uma carta em defesa da soberania em saúde, na inovação e no desenvolvimento de diagnósticos, vacinas e medicamentos para enfrentar emergências de saúde pública internacional no Sul Global.
O documento foi assinado por representantes de dez organizações, lideradas pela Fundação Oswaldo Cruz; e divulgado na noite dessa terça-feira (30), pelo presidente da Fiocruz, Mario Moreira.
Entre os pontos centrais da declaração estão: a necessidade de estabelecer uma Aliança para Produção, Inovação e Acesso Regional e Local. Com destaque ainda a demandas por compartilhamento de informações, transferência de tecnologias e de investimentos robustos em pesquisa e desenvolvimento, inovação e produção.
Em sua participação na Cúpula, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, defendeu a integração e inclusão das tecnologias nos Sistemas de Saúde.
"As tecnologias têm de ser vistas sempre dentro dos sistemas de saúde, não como um bem à parte. No Brasil temos esse pilar fundamental, essa grande inovação que é o SUS. A maioria dos países não conta com sistemas universais. Mas a partir da nossa experiência, fortalecê-los é fundamental. E também olhar para as diferentes desigualdades, para que os benefícios da ciência e tecnologia cheguem a todos com políticas efetivas."
Para o presidente da Fiocruz, Mario Moreira, esta é uma oportunidade promissora para a troca de conhecimento, resultando em ações concretas para melhorar a preparação e resposta a pandemias.
Segundo Moreira, o exemplo do Brasil mostra que ações focadas na informação fizeram a diferença na intensidade dos impactos negativos da pandemia de covid-19.
"Conseguimos rapidamente escalonar a produção de vacinas e de diagnósticos. Estabelecemos vários canais de contato com a sociedade, canais muito pedagógicos que orientaram inclusive ações das autoridades sanitárias locais. Formamos gente também. Gente da América Latina, do Brasil no diagnóstico e na condução, no manejo clínico da covid. É disso que se trata agora, dar uma escala global ao que o Brasil fez no enfrentamento da pandemia."
O presidente Mario Moreira falou ainda sobre a integração da Fiocruz na rede da Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias, que trabalha para apoiar a fabricação de vacinas e respostas mais rápidas para futuras epidemias e ameaças de doenças infecciosas.
"A ideia é que parte da produção de Biomanguinhos seja direcionada para esse esforço global. Uma vez atendida a demanda do Sistema Único de Saúde, nosso excedente de produção vai ser deslocado para esse esforço global de um mundo mais equilibrado no acesso à vacina."
No evento, também foram discutidos temas como: o estado da preparação e resposta global para pandemias; os avanços e oportunidades na vigilância epidemiológica; o acesso equitativo a produtos e tecnologias de saúde; e os modelos de financiamento.