Tenistas paralímpicos sonham com medalha no Rio de Janeiro
Há pouco menos de dois meses para o início dos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, os paratletas Carlos “Jordan” Santos e Natália Mayara Costa treinam firme em busca de medalhas no tênis em cadeira de rodas. Eles conversaram com a reportagem da Agência Brasil em um clube em Brasília, onde treinam. Entre saques e rebatidas, ambos mostraram otimismo para a disputa no Rio.
“Eu vou tentar brigar por medalha. Vai ser bem difícil, porque as adversárias são muito fortes, mas, ao mesmo tempo, sei que estou evoluindo bastante”, disse Natália, campeã da modalidade no Pan Americano de Toronto, em 2015. “Acho que o Pan ajudou a mostrar que eu estou chegando, estou evoluindo. Esse foi o maior recado que eu pude passar com essa medalha”.
Natália vai a uma Paralimpíada pela segunda vez. Esteve em Londres, em 2012, quando foi eliminada na primeira fase. Mais experiente e credenciada pelo ouro no Parapan de Toronto, a jovem de 22 anos vem treinando forte para avançar na competição. São mais de oito horas diárias dedicadas aos treinos. Três delas dentro de quadra, e outras divididas em atividades de natação, musculação e fisioterapia.
“Jordan” é um nome bastante conhecido no mundo do basquete em cadeira de rodas. E foi por seus talentos com a bola laranja que Carlos Alberto ganhou esse apelido. Jogador de referência do basquete brasileiro por vários dos 17 anos que dedicou ao esporte, decidiu encarar um novo desafio: enfrentar os obstáculos psicológicos que uma partida impõe.
“No basquete você consegue fugir da bola. Se sua bola não tá caindo, você começa a passar a bola para os caras ou apenas fazer um bloqueio para seus companheiros fazerem o jogo deles. No tênis não, você errou uma bola e vai ter que ir atrás dela de novo. O tênis me dá essa oportunidade de me conhecer como pessoa, de ultrapassar essas barreiras e provar que eu sou capaz”, explica.
Nas quadras de tênis desde 2003, Jordan já participou de nove mundiais, além de uma grande participação no Parapan de 2007. Foi um ouro nas duplas e um bronze no individual.
Lesão não tira a confiança
Enquanto Natália e Jordan treinavam, Rodrigo Oliveira se aproximou da quadra. Ele também vai vestir a camisa do Brasil em terras cariocas, mas uma lesão no cotovelo direito freou os treinamentos. Uma inflamação que deve tirar Rodrigo das quadras por algumas semanas, mas não será nada que tire seu foco nos jogos.
“Acho que estou no meu melhor momento. Vim preparado e agora que tenho essa grande chance de representar meu país, quero dar o meu melhor. Agora estou parado, mas acho que não vai me atrapalhar muito. É só uma questão de voltar, bater uma bola e disputar a competição”. Com disposição, Rodrigo até se arrisca a bater uma bolinha com Jordan para agradar as lentes do fotógrafo.
Segundo colocado no ranking brasileiro, Rodrigo vai para uma Paralimpíada pela primeira vez. Ele não esconde a ansiedade de chegar na Vila Olímpica e viver aquela atmosfera única. “Para mim, tudo é novo. A sensação de estar lá, representar o Brasil e chegar onde muitos queriam. Estou ansioso, mas sei que tenho que chegar lá e dar meu melhor. Conseguimos chegar [a disputa de uma Paralimpíada]. Agora é pensar no objetivo e dar o melhor”.
Para Natália, o Brasil será sede de uma Paralimpíada em um momento de crescimento do paradesporto no país. “Comecei aos 12 anos e pouco se ouvia falar do esporte paralímpico. As pessoas não viam como esporte de alto rendimento e hoje isso mudou. Atletas paralímpicos estão mais na mídia, dão mais entrevistas. Está crescendo bastante”.
Com atletas e o próprio desporto paralímpico mais vivos na mídia, Jordan aposta na torcida brasileira para sair do Rio com bons resultados. “Acho que essa Paralimpíada vai ser totalmente diferente das outras três que disputei. Vamos estar próximos da família e o povo brasileiro vai estar lá apoiando. Joguei o Parapan do Rio, em 2007, e conquistei medalha de ouro. A torcida fez muita diferença nessa conquista”.
Regras
Existe pouca diferença entre as regras do tênis e aquele praticado com cadeira de rodas. A principal delas é a quantidade de quiques na bola. Em uma partida entre paratletas, é permitido até dois quiques no chão antes de ser rebatida para o lado do adversário. Após a rebatida, apenas o primeiro quique deve ser dentro da quadra do adversário.
A cadeira utilizada é semelhante à de outros paradesportos. As rodas são inclinadas para fora, conferindo maior estabilidade durante mudanças de direção muito bruscas. Pares de rodas menores, na parte da frente e de trás da cadeira, impedem quedas nessas direções. As raquetes e bolinhas são as mesmas usadas pelos tenistas tradicionais.