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Saúde

Doria destina R$ 100 milhões para santas casas e hospitais municipais

Prefeito Bruno Covas anuncia R$ 600 para catadores autônomos
Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 31/03/2020 - 14:56
São Paulo
O governador de São Paulo, João Doria, fala à imprensa, após encontro com o presidente em exercício  , General Hamilton Mourão
© Valter Campanato/Agência Brasil

O governador de São Paulo, João Doria, anunciou hoje (31) que vai destinar R$ 100 milhões, dividido em quatro parcelas, de abril a julho, para ajudar as 300 santas casas e 126 hospitais municipais do estado. O objetivo, informou o governador, é ampliar em 30% a capacidade de atendimento desses locais para os casos de média e alta complexidade, principalmente de pacientes com o novo coronavírus (covid-19).

“Esse recurso será repassado todos os meses ao longo de abril, maio, junho e julho, totalizando R$ 100 milhões. Portanto, o valor mensal é de R$ 25 milhões para que hospitais municipais e santas casas possam ter um reforço no custeio para o atendimento aos seus pacientes. O objetivo é que esses hospitais aumentem sua capacidade de atendimento”, disse Doria.

Outra medida anunciada por Doria foi a unificação de protocolo de atendimento em hospitais públicos do estado por meio de teleconsulta. O projeto que, segundo Doria, é pioneiro, será empregado a partir de amanhã (1) e vai envolver mais de 100 hospitais públicos. Ele foi desenvolvido pelo Instituto do Coração (Incor), com o apoio da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP/MCTIC) e InovaIncor. Por meio dele, os especialistas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP), liderados pela equipe de Pneumologia do Incor, poderão discutir casos em tempo real com outros hospitais da rede e promover a capacitação de profissionais de saúde.

Segundo o governador paulista, o projeto piloto começou a funcionar na última quinta-feira (26), com o Conjunto Hospitalar do Mandaqui, e a expansão ocorrerá mediante demanda da rede hospitalar. A medida também estará à disposição do Ministério da Saúde para expansão a serviços em todo o Brasil, em parceria, por exemplo, com a rede de hospitais universitários.

 O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, anuncia a nova modalidade do programa Corujão da Saúde, durante entrevista à imprensa
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, anunciou ajuda aos catadores autônomos - Arquivo/Agência Brasil

Por meio da teleconsulta, especialistas do Hospital das Clínicas vão discutir casos em tempo real de protocolos de atendimento de coronavírus, agilizando os procedimentos. “Uma equipe estará em conexão, por teleconferência, com outros médicos dos hospitais da rede pública, podendo até, circunstancialmente, atender médicos da rede privada. Eles vão analisar os casos mais complexos, discutindo e sugerindo alternativas de forma mais rápida e eficiente”, explicou o governador.

Salvar vidas

“Poderemos salvar mais vidas, e temos inclusive a expectativa de reduzir o tempo de internação dos pacientes”, disse José Henrique Germann, secretário de estado da Saúde.

"A ideia era criar uma rede de UTIs para casos respiratórios graves e, como o estado de São Paulo é grande, utilizar a ferramenta da telemedicina criando uma rede de tele-UTI”, disse Carlos Carvalho, professor titular de Pneumologia da FMUSP.

De acordo com o governo, cada posto do setor de teleconsultoria é capaz de discutir até 80 casos clínicos de pacientes respiratórios graves por dia e até dez postos poderão ser ativados, se preciso. A infraestrutura é nacional, voltada especificamente para a área da saúde, e foi providenciada pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (RNP/MCTIC).

Além da teleconsultoria, a equipe do HC preparou videoaulas com orientações para os profissionais de saúde que abordam desde o uso de equipamentos de proteção, como máscaras, luvas e aventais, até os métodos mais complexos de segurança e assistência ao paciente, principalmente relacionados à ventilação mecânica para os casos graves.

Kits de alimentos

Doria anunciou ainda que vai distribuir 140 mil kits de alimentos para os caminhoneiros que passarem pelas 19 rodovias concessionadas do estado de São Paulo. Serão distribuídos marmitex e kits de lanches, exclusivamente para caminhoneiros, em 43 pontos dessas rodovias. A medida vai até 30 de julho.

Os locais onde esses kits serão distribuídos poderão ser consultados por meio do site www.abastecimentoseguro.sp.gov.br.

Catadores

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, também informou hoje (31) que a prefeitura vai destinar R$ 600 para cada um dos 1,4 mil catadores autônomos da cidade. Esse valor será acrescido aos R$ 600 de auxílio que já deverão ser destinados a eles por meio do governo federal. A medida vai valer por três meses.

“Por conta da pandemia, e seguindo recomendação da Vigilância Sanitária, as 25 cooperativas que trabalham com reciclagem na cidade de São Paulo tiveram que suspender suas atividades. Por isso, hoje anuncio R$ 5,7 milhões que serão destinados para essas famílias de catadores da cidade de São Paulo. São 1,4 mil catadores autônomos que, por serem autônomos, vão receber ajuda de R$ 600 do governo federal e nós vamos dobrar essa ajuda, passando mais R$ 600. Com isso, eles vão receber um total de R$ 1,2 mil pelos próximos três meses”, disse Covas.

Segundo ele, as 900 famílias de cooperados da cidade de São Paulo também vão receber recursos. “Por serem cooperados, eles não vão receber os R$ 600 do governo federal. Por isso, para essas 900 famílias, a prefeitura vai repassar R$ 1,2 mil por mês”, disse o prefeito.

Fábio de Jesus Silva, também integrante da cooperativa Renascer, diz que a vida de todos os cooperados mudou, depois que eles passaram a separar os resíduos de prédios  de Brasília(Marcello Casal Jr./Agência Brasil)
Catadores autônomos receberam R$ 600 da prefeitura de São Paulo - Arquivo/Agência Brasil

Doria e Bruno Covas voltaram a falar hoje sobre a necessidade das pessoas manterem o isolamento social neste momento, evitando sair às ruas. Segundo Doria, caso seja necessário, o governo poderá pensar em medidas mais duras para manter as pessoas em casas. “Se necessário, nossas orientações poderão ser mais rigorosas. As pessoas que estão saindo desnecessariamente estão expondo suas vidas e a de outras pessoas. Não é hora de sair de casa”, reafirmou o governador.

Já Bruno Covas disse que os estabelecimentos comerciais, que não estão previstos no decreto municipal sobre funcionamento no período de pandemia, e ainda continuam funcionando, poderão ser lacrados e multados.

Economia

O governador Doria voltou a pedir aos empresários de São Paulo que não demitam seus funcionários e que tentem manter seus serviços funcionando de modo digital, por meio de aplicativos, delivery ou pela internet. “Minha orientação e sugestão para os micro e pequenos empresários é para que mantenham os comércios ativos. Invistam em plataformas digitais e em comércio e serviços com utilização do mundo digital. O mundo digital, onde muitos estavam engatinhando, agora é hora de acelerar. E a busca pelo mundo digital pode ajudar a salvar empresas, empregos e vidas”, disse.

Casos

O estado de São Paulo tem, até hoje, 1.517 casos confirmados de coronavírus, com 113 óbitos. Há ainda 231 pacientes internados em estado grave nas unidades de terapia intensiva  e outros 281 internados em enfermarias.