Covid-19: médicos denunciam falta de insumos e equipamentos

Maioria das reclamações foi sobre a falta de EPIs

Publicado em 17/05/2020 - 17:21 Por Jonas Valente – Repórter Agência Brasil - Brasília

O Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou o primeiro levantamento sobre a situação dos médicos no atendimento aos pacientes infectados com o novo coronavírus. Segundo o estudo, foram registradas 17 mil denúncias de problemas com o fornecimento de insumos, equipamentos, incluindo medicamentos e instrumentos de proteção, além de recursos humanos.

As principais reclamações (38,2%) foram sobre a falta de equipamentos de proteção individual (EPIs). Entre estes, foram apontados problemas com a falta de máscaras N95 ou equivalentes (24,6%), avental (22%), óculos ou protetor facial (18,8%), máscara cirúrgica (16,1%), gorro (10%), luvas (4%) e luvas cirúrgicas (3,7%).

Em relação a insumos, os profissionais informaram a ausência de kits de exame para a covid-19, com 29,4% das denúncias; medicamentos, com 21,9%; material educativo, com 18,6%; exames de imagem, com 13,8%; material para uso em unidades de tratamento intensivo (UTIs), com 10,2%; e material para curativo, com 6,1%.

Entre as denúncias apresentadas, 30,8% relataram a falta de álcool em gel; 22%, a de álcool 70%; 19,3%, a de papel toalha; e 17,4%, a de sabonete líquido. O álcool em gel eo  sabonete são os métodos de higienização recomendados para evitar a contaminação pelo vírus.

Recursos humanos

O levantamento também mapeou problemas nas equipes de recursos humanos nas unidades de saúde.

Do total de queixas recebidas sobre o tema, 42% indicaram a falta de equipes de enfermagem, 25,5%, a de médicos, 15,1%, a de equipes de apoio (como limpeza) e 13,4%, a ausência de fisioterapeutas.

Leitos

O CFM também recebeu denúncias sobre problemas relacionados a leitos. Do total de reclamações sobre o tema, 39,3% tratavam de dificuldade de acesso a leitos de UTI para adultos; 32%, a leitos de internação para adultos;17,6%, a leitos de UTI para crianças e adolescentes; e 11,1%, a leitos de internação para crianças e adolescentes.

Método

Os dados foram levantados por meio de uma plataforma disponibilizada pelo Conselho Federal de Medicina para receber denúncias de problemas nas condições de trabalho por profissionais da categoria. Segundo o CFM, 1,5 mil trabalhadores enviaram denúncias pelo sistema.

Distribuição

O custeio de medicamentos, insumos e equipamentos é responsabilidade das autoridades de saúde nas três esferas. Conforme o painel de insumos do Ministério da Saúde, até a semana passada, tinham sido encaminhadas a estados e municípios 28,1 milhões de máscaras cirúrgicas, 35 milhões de luvas, 13,9 milhões de sapatilhas e toucas, 2,5 milhões de máscaras N95, 2 milhões de aventais, 563,6 mil frascos de álcool em gel, 207,2 mil óculos e protetores faciais.

Sobre os testes, o secretário substituto de Vigilância em Saúde, Eduardo Macário, informou, em entrevista no Palácio do Planalto, que haviam sido disponibilizados 3 milhões de testes. Segundo Macário, agora o momento é da segunda fase, para a qual está previsto o encaminhamento de sete milhões de testes de laboratório (PCR) e 9,5 milhões de kits para exames sorológicos.

Até o fim do ano, a previsão é chegar a 46 milhões realizados. De acordo com o representante do Ministério da Saúde, 128 mil exames ainda estão em processamento.

Ministério da Saúde

À Agência Brasil, o Ministério da Saúde informou que a compra de EPIs é responsabilidade de estados e municípios, mas que "diante do cenário de emergência em saúde pública por conta da pandemia do coronavírus, o Ministério da Saúde utilizou o seu poder de compra em apoio irrestrito aos gestores locais do Sistema Único de Saúde (SUS)".

A nota informa que o Ministério da Saúde disponibilizou mais de R$ 5 bilhões diretamente aos estados e municípios, além de distribuir 83 milhões de equipamentos de proteção individual para autoridades locais visando a proteção de profissionais de saúde.

O MS afirmou que habilitou 3.810 leitos de UTI voltados ao tratamento coronavírus. "Para cada um destes leitos foi pago R$ 1,8 mil por dia, pelo período de 90 dias, o dobro do valor pago normalmente. Outra iniciativa foi a locação e distribuição de 530 leitos de UTI completos com instalação rápida para todo o país", diz o comunicado da pasta.

O ministério informa que assinou quatro contratos com empresas brasileiras para a produção de 15,3 mil respiradores. "Ainda na área da assistência, cabe destacar o esforço nacional para aquisição de respiradores envolvendo mais de 15 instituições entre fabricantes processadores, instituições financeiras e empresas de alta tecnologia".

De acordo com o ministério, até o momento foram distribuídos 557 respiradores pulmonares para 10 estados a partir de produção nacional, sendo assim distribuídos: Amazonas (90), Ceará (75), Paraíba (20), Pernambuco (50), Amapá (45), Pará (80), Paraná (20), Santa Catarina (17), Espírito Santo (10) e Rio de Janeiro (150). Deste total, 128 são de transporte e 429 para UTIs.

Sobre a força de trabalho, a nota indica que o MS já possui 500 mil profissionais de saúde no programa Brasil Conta Comigo com interesse em atuar no apoio ao tratamento contra a covid-19.  "Os primeiros profissionais foram destinados ao Amazonas (388) e mais de mil estudantes já estão atuando, sob supervisão, em diversas regiões do país. O Ministério da Saúde também conta com um cadastro de 9.932 profissionais na área da saúde que atuam na da Força Nacional do SUS (FN-SUS) como voluntários em todo o país. Neste ano, já foram convocados 42 profissionais da FN-SUS para atuarem em Manaus (AM). Além disso, cerca de 3.314 profissionais com CRM Brasil já se apresentaram para início das atividades em 1.218 municípios e distritos indígenas durante a 1ª e 2ª chamada do programa Mais Médicos", completou.

Matéria ampliada às 16h21 do dia 19/5 para inclusão de nota do Ministério da Saúde

Edição: Nádia Franco

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