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Saúde

Prefeitura de SP diz que deputados visitaram hospital sem autorização

Parlamentares afirmam que fiscalizaram unidade
Letyci Bond - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 05/06/2020 - 12:06
São Paulo
The spread of the coronavirus disease (COVID-19), in Sao Paulo
© REUTERS/Rahel Patrasso/Direitos reservados

Após tomar conhecimento da visita de cinco deputados estaduais de São Paulo ao hospital de campanha do Complexo do Anhembi, realizada ontem (4), a prefeitura de São Paulo reagiu, afirmando que a abordagem foi feita sem autorização. 

Em vídeos que circulam em redes sociais, o grupo alega que se trata de uma fiscalização de interesse da população e é visto interpelando profissionais de saúde que trabalham na unidade, estruturada de forma emergencial para atender a pacientes com covid-19.

Em nota, a prefeitura afirmou que a passagem dos parlamentares pelo hospital transcorreu "de maneira desrespeitosa" e que incluiu agressões verbais e morais contra pacientes e funcionários.

No informe, também destaca que o grupo entrou nas instalações sem utilizar equipamentos de proteção individual (EPI), o que colocou em risco a saúde das pessoas que estão fazendo tratamento.

Segundo a prefeitura, o grupo, que teve a entrada barrada por seguranças, chegou a filmar pacientes sem que tivesse seu consentimento, sendo que muitos deles estavam sendo higienizados nos leitos no momento das gravações. 

"A prefeitura de São Paulo mantém transparência pública, tanto é que vários veículos de imprensa nacional e de outros países já visitaram as instalações, respeitaram as regras sanitárias para garantir a própria saúde dos pacientes e dos profissionais, bem como parlamentares que respeitaram as regras vigentes também já foram atendidos", acrescenta.

Operação Placebo

O hospital contempla 1,8 mil leitos e foi construído mediante a contratação do Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas), alvo da Operação Placebo, deflagrada pela Polícia Federal em 26 de maio, para investigar irregularidades que teriam sido cometidas pela organização social. 

No estado do Rio de Janeiro, o Iabas responde por sete dos nove hospitais de campanha abertos pelo governo e atrasou o cronograma de entrega das unidades.

O governador de São Paulo, João Doria, também se pronunciou sobre a situação.

"O uso dos hospitais de campanha como palanque político é um desrespeito aos profissionais de saúde e pacientes e com a população. Demagogia pura de alguns parlamentares que não fazem nada para ajudar no enfrentamento da pandemia, apenas criam mentiras para enganar a população em benefício próprio", declarou, por meio de sua assessoria de imprensa.

Atualmente, 397 pacientes recebem tratamento na enfermaria do hospital do Anhembi, em São Paulo, e outros dez encontram-se em estabilização.

Ainda segundo a prefeitura, desde que a unidade entrou em funcionamento, 3,7 mil pessoas já passaram pelo local, das quais 2,8 mil se recuperaram e tiveram alta.

* Matéria alterada às 14h45 para acréscimo de informações