Covid-19: AstraZeneca informa Brasil que suspendeu testes de vacina

Anvisa, Ministério da Saúde e Fiocruz foram notificados

Publicado em 08/09/2020 - 23:57 Por Ricardo Brito - Repórter da Reuters - Brasília

O Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foram informados pela AstraZeneca Plc da suspensão dos testes globais de candidata a vacina contra covid-19 da empresa, disseram as assessorias de imprensa da pasta e do órgão regulador em notas divulgadas na noite desta terça-feira (8).

"O laboratório AstraZeneca anunciou a paralisação do seu estudo global para vacina covid-19. A decisão foi do próprio laboratório, que comunicou os países participantes sobre sua decisão", disse a agência, primeira a se manifestar no Brasil. "A Anvisa já recebeu a mensagem de suspensão enviada pelo laboratório, já que o Brasil é um dos países do mundo que participa do estudo global".

A agência informou ainda que aguarda o envio de mais informações sobre os motivos da suspensão para analisar os dados e se pronunciar oficialmente.

Segundo o site de notícias de saúde Stat News, a suspensão global pela AstraZeneca se deu após uma suspeita de reação adversa séria em um participante do estudo.

Em nota, o Ministério da Saúde disse que a suspensão temporária do estudo tem regras definidas em protocolo e baseadas em padrão internacional.

"Trata-se de procedimento padrão de avaliação de segurança durante a realização de estudos clínicos para investigar a causalidade, ou seja, a relação entre o evento adverso e a administração da vacina", disse, ao citar que órgãos regulatórios já haviam sido notificados pelo patrocinador do estudo.

A pasta informou ainda que a pausa nos testes significa que não haverá inclusão, neste momento, de novos participantes. "O Ministério da Saúde foi notificado por e-mail nesta data, pela AstraZeneca, e reforça o compromisso em garantir uma vacina segura e eficaz em quantidade para a população brasileira", concluiu.

A vacina desenvolvida pela AstraZeneca, em parceira com a Universidade de Oxford, do Reino Unido, é tida pelo governo brasileiro como uma das principais apostas para a imunização contra a covid-19 no país.

Também em nota, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), entidade do Ministério da Saúde responsável pela produção da vacina no país, diz que foi informada pela AstraZeneca da "suspensão dos testes clínicos em fase 3 e vai acompanhar os resultados das investigações sobre possível associação de efeito registrado com a vacina para se pronunciar oficialmente".

O governo brasileiro, por meio do Ministério da Saúde e da Fiocruz, assinou um memorando de entendimento com a AstraZeneca que prevê a compra de 30 milhões de doses da vacina, com entrega em dezembro deste ano e janeiro do ano que vem, e a possibilidade de aquisição de mais 70 milhões se a vacina tiver eficácia e segurança comprovadas.

Além disso, o acordo inicial prevê a transferência da tecnologia desenvolvida pela Universidade de Oxford e pelo laboratório AstraZeneca para produção local na Fiocruz, com previsão do ministério de início ainda no primeiro semestre de 2021.

Antes do anúncio de suspensão dos testes pelo laboratório, em reunião ministerial pela manhã, o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, chegou a dizer que a expectativa do governo é poder iniciar a vacinação "de todo mundo" já em janeiro do ano que vem. Pazuello não citou nominalmente a AstraZeneca.

"A gente está fazendo os contratos com quem fabrica a vacina e a previsão é que a vacina chegue para nós a partir de janeiro do ano que vem e a gente comece a vacinar todo mundo", disse Pazuello, em reposta a uma youtuber mirim que Bolsonaro levou para a reunião para fazer perguntas aos ministros.

O Brasil acumulou nesta terça 4.162.073 casos de Covid-19, de acordo com dados do Ministério da Saúde, sendo o terceiro país em número de casos no mundo, atrás de Estados Unidos e Índia. O total de mortes pela doença soma 127.464.

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