Testes e rastreamento evitariam mortes por covid, dizem especialistas

Pesquisadores Jurema Werneck e Pedro Hallal foram ouvidos na CPI

Publicado em 24/06/2021 - 18:49 Por Agência Brasil - Brasília

A médica e diretora-executiva da Anistia Internacional, Jurema Werneck, ouvida nesta quinta-feira (24) pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, disse que várias medidas deveriam ter sido tomadas para evitar as mortes por covid-19. Dentre elas, garantir mais informação e investimento para a população. 

A médica apresentou um levantamento indicando que pelo menos 120 mil mortes poderiam ter sido evitadas com medidas não farmacológicas, como distanciamento, testagem e rastreamento. O estudo não considerou o impacto da vacinação e foi realizado pelo Grupo Alerta, formado por entidades da sociedade civil, como Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Oxfam Brasil, Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC) e Anistia Internacional Brasil. 

“A gente poderia ainda no primeiro ano de história da pandemia ter salvo 120 mil vidas. E não são números. São pais, são mães, são irmãos, são sobrinhos, são tios, são vizinhos. A gente poderia ter salvo pessoas, se uma política efetiva de controle, baseada em ações não farmacológicas, tivesse sido implementada”, disse Jurema Werneck.

O epidemiologista Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), estimou que quatro em cada cinco mortes pela covid-19 no Brasil poderiam ter sido evitadas se o governo federal tivesse adotado outra postura diante da doença. 

Segundo Hallal, o cálculo considera que 2,7% da população mundial vive no Brasil, mas o país concentra 13% das mortes. O levantamento estima quantas mortes por covid-19 teriam ocorrido no país se ele tivesse tido um desempenho na média mundial. Para o epidemiologista, o tempo para aquisição de vacinas e o ritmo lento da imunização resultaram em ao menos 95 mil mortes segundo Hallal. 

“Nós fizemos uma análise que estimou que especificamente o atraso na compra das vacinas da Pfizer e da CoronaVac resultou em 95,5 mil mortes. E logo depois, outros pesquisadores analisaram os dados não especificamente dessas vacinas, mas o ritmo da campanha de vacinação que teria sido, caso tivéssemos adquirido, e eles estimaram 145 mil mortes especificamente pela falta de aquisição de vacinas tempestivamente pelo governo federal”, afirmou. 

O senador Marcos Rogério (DEM-RO) questionou o estudo e afirmou que as informações sobre o quantitativo de mortes no país por Covid-19 são “superficiais”. 

“É superficial esse tipo de afirmação com tanta certeza sobre a possibilidade de se evitar o número de mortos com essa ou aquela política. O coronavírus não respeita barreiras políticas, ideológicas, econômicas ou sociais”, disse.  “O que ataco é a pesquisa, que não serve de parâmetro para nada em razão dos dados”, acrescentou. 

Próxima sessão

Na reunião desta sexta-feira (25), serão ouvidos a partir das 14h o servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, e seu irmão, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF). Eles vão falar sobre supostas irregularidades na contratação de 20 milhões de doses da vacina Covaxin. O imunizante contra a covid-19 é produzido pela farmacêutica indiana Bharat Biotech, representada no Brasil pela Precisa Medicamentos.  

Ao abrir a sessão desta quinta-feira, Omar Aziz anunciou que enviou à Polícia Federal um pedido de proteção aos dois depoentes. 

Ontem (23), o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, afirmou que, por determinação do presidente Jair Bolsonaro, o governo vai mandar a Polícia Federal (PF) investigar declarações de Luís Miranda. 

Edição: Bruna Saniele

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