Exposição Genesis, de Sebastião Salgado, chega a Brasília
Após registrar fome, guerra, êxodos, o fotógrafo Sebastião Salgado volta-se para a natureza e para as populações tradicionais no trabalho Genesis. Na jornada fotográfica, que começou com o envolvimento pessoal com a questão ambiental, ele mostra com a imagem, que o homem faz parte da natureza, por mais que se esqueça. E, para sobreviver, precisará se lembrar disso.
"Para construir cidades, aeroportos, tantas coisas, deixamos para trás danos enormes. Estamos vendo os efeitos disso, como na cidade de São Paulo, a queda nas reservas de água", diz. "Todas as nossas nascentes terão que ser recuperadas se as populações quiserem manter um equilíbrio de conforto por meio da manutenção da água".
A exposição reúne 245 fotografias de 32 viagens feitas entre 2004 e 2011. Em parceria com a esposa, Lélia Salgado, o trabalho mostra lugares de difícil acesso e onde a natureza e os costumes tradicionais permanecem praticamente intocados. Segundo Salgado, por mais inacreditável que possa ser, esses lugares representam 45% do planeta.
"Quase a metade ainda está ai. Não é de fácil acesso, porque é extremamente seco, ou úmido, impenetrável, extremamente frio ou quente, mas está ai e são terras importantíssimas para processos globais, terras que precisamos preservar se quisermos sobreviver como espécie", diz. Entre os locais visitadas estão a Antártica, as Ilhas Galápagos, o Congo, Uganda, os Estados Unidos e o Brasil.
Para Salgado, fotografar a natureza exigiu um novo aprendizado, apesar da semelhança com os seres humanos. "Até Genesis eu nunca tinha fotografado animais, nunca tinha fotografado árvores ou o mundo mineral. O que eu descobri é que não tem diferença nenhuma", diz o fotógrafo. "Com os seres humanos é preciso se aproximar, ser aceito, integrar uma comunidade. É mesma coisa quando vai se fotografar um elefante, uma tartaruga, tudo isso é vivo, tudo faz parte de uma coisa maior", explica.
Isso ficou provado com todas as experiências que teve durante o trabalho. Da Patagônia, por exemplo, leva a amizade de uma baleia. "Era como um cachorrinho, eu passava a mão na cabeça dela e via lá longe a cauda tremendo. Uma coisa incrível a sensibilidade de pele. Às vezes, ela fazia uma curva com o corpo e entre a cauda e cabeça coloca o barco. Emocionante".
Lélia é responsável pela curadoria e acompanhou o marido em muitas das viagens. De uma gama incontável, cujo número exato nem mesmo o casal sabe, foram pré-selecionadas 4 mil fotos, até chegar na seleção final. "O conjunto é um pensamento, a ilustração de um conceito. Fala do nosso planeta e da nossa obrigação de proteger as coisas maravilhosas que ele tem", diz a curadora.
Juntos, os Salgado mantém o Instituto Terra, criado a partir da propriedade rural dos pais de Salgado, que promove a recuperação da Mata Atlântica. Em parceria com o Banco do Brasil, recebem doações pelo Arredonde sua Conta. Os clientes podem arredondar os centavos da fatura mensal de seu cartão de crédito, no valor máximo de 99 centavos para o instituto.
A exposição Genesis pode ser visitada no Centro Cultural Banco do Brasil em Brasília, entre 3 de setembro até 20 de outubro.