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Exposição resgata o trabalho do paisagista Glaziou como botânico no Brasil

Paulo Virgilio - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 22/10/2015 - 22:16
Rio de Janeiro

Reconhecido com o grande paisagista do Brasil no período do Império, o francês Auguste Glaziou (1828-1906) foi também um importante botânico, que contribuiu imensamente para o conhecimento científico sobre a flora do país onde viveu entre 1858 e 1897. É o que revela a exposição temporária Plantas do Brasil Central – Resgate histórico e herbário virtual de Auguste Glaziou, que o Museu Nacional, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) inaugurou hoje (22). No mesmo evento, foi lançado o site http://glaziou.cria.org.br , que apresenta o herbário virtual do botânico.


“Com esse projeto pretendemos fazer o resgate histórico do trabalho de Glaziou como botânico e ressaltar a importância das coleções que ele deixou para os museus do Rio e de Paris”, explica Luci de Senna Valle, curadora da exposição e professora do Departamento de Botânica do Museu Nacional.  Segundo ela, um dos destaques da mostra é a planta número 1 coletada por Glaziou na praia de Copacabana, na época uma área despovoada, com vegetação de restinga.

O naturalista francês veio ao Brasil a convite do imperador Dom Pedro II, que o nomeou diretor-geral de Matas e Jardins do Rio de Janeiro. Glaziou foi o responsável pelo paisagismo do primeiro parque carioca, o Passeio Público, reinaugurado em 1862. Também levam a sua assinatura os projetos dos jardins da Quinta da Boa Vista, parque que abrigava o palácio imperial, hoje sede do Museu Nacional, e do Campo de Santana, este concluído em 1880.

Paralelamente ao seu trabalho de criador de parques e jardins, Glaziou coletava espécies botânicas no Rio, em Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Goiás. Ele participou de diversas expedições científicas, entre elas a Missão Cruls, que no final do século 19 delimitou a área em que, mais de 50 anos depois viria a ser construída Brasília, a nova capital do país. “Com sua visão de paisagista, Glaziou vislumbrou naquele ponto do Planalto Central a localização ideal para uma cidade”, conta a professora Luci Senna Valle.

Um dos objetivos de Glaziou nessas expedições era a obtenção de espécies nativas de valor ornamental para seus projetos paisagísticos. Consciente da importância científica das coletas, ele distribuiu suas exsicatas - amostras de  plantas prensadas e secas, fixadas em cartolina com informações sobre o vegetal e local da coleta - entre vários herbários.

Os maiores depositários foram o herbário do Museu Nacional,  o primeiro do Brasil, fundado em 1831 por Ludwig Riedel. e o Museum National d’Histoire Naturelle, de Paris. A coleção de Glaziou, com o nome de  “Plantas do Brasil Central”, compreende 22.770 espécimes. 

O desenvolvimento do projeto do herbário virtual de Glaziou foi possível graças a um acordo de cooperação entre três instituições: Museu Nacional/UFRJ, Museum National d’Histoire Naturelle (Paris, França) e o Centro de Referência e Informação Ambiental (Cria) de São Paulo. O projeto reuniu os dados repatriados e todas as informações presentes nas etiquetas das exsicatas, incluindo imagens em alta resolução dos espécimes coletados por Glaziou no Brasil e que se encontram depositados nos herbários dos dois museus.

Embora temporária, a exposição não tem data prevista para o  encerramento. A visitação pode ser feita de terça a domingo, das 10h às 17h, e às segundas, das 12h às 17h. Os ingressos custam R$ 6, a inteira, e R$ 3, a meia entrada, com gratuidade para crianças até 5 anos e pessoas com deficiência.

O Museu Nacional (www.museunacional.ufrj.br) fica na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, zona norte do Rio.


Fonte: Exposição resgata o trabalho do paisagista Glaziou como botânico no Brasil