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Unidos da Tijuca desfila as várias facetas de Miguel Falabella

O ator, que é também autor de teatro e de novelas, diretor e produtor
Cristina Índio do Brasil - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 09/02/2018 - 05:46
Rio de Janeiro
As máscaras-símbolo do teatro decoram uma das alegorias em homenagem ao artista Miguel Falabella
© Cristina Índio do Brasil/ Agência Brasil
As máscaras-símbolo do teatro decoram uma das alegorias em homenagem ao artista Miguel Falabella

As máscaras-símbolo do teatro decoram uma das alegorias em homenagem ao artista Miguel FalabellaCristina Índio do Brasil/ Agência Brasil

A vida agitada do ator, autor de teatro e de novelas, diretor e produtor cultural Miguel Falabella não foi empecilho para participar da montagem do carnaval de 2018 da Unidos da Tijuca, a primeira a desfilar na segunda-feira (12). O artista é o homenageado no enredo Um coração urbano: Miguel, o arcanjo das artes, saúda o povo e pede passagem.

E como contar tantas atividades e fases da vida de uma pessoa de ritmo tão intenso? A missão coube à comissão de carnaval da escola, formada por Annik Salmon, Hélcio Paim e Marcus Paulo, que recebeu colaborações do próprio Falabella.

Para Marcus Paulo, vai ser também uma oportunidade de o público ter mais contato com as diversas atividades do artista. “Vai mostrar as outras facetas desse ator que todo mundo adora, mas que muita gente ainda não conhece os outros lados dele, como escritor, diretor, o maior fomentador de teatro no país, que é também uma cultura muito massacrada. É um grande operário na área do teatro. A gente está bem satisfeito com o visual”, apontou.

Quando começou a desenvolver o enredo, o carnavalesco tinha uma curiosidade em saber como Miguel conseguia administrar a vida com tantas atividades realizadas ao mesmo tempo. “Como esse cara trabalha tanto? Como ele produz tanto? Dizer que dorme duas a três horas por dia e está no teatro com musicais e peças? Isso me causou curiosidade e me levou à admiração”, indagou.

Aprender com o homenageado a correr contra o tempo e administrar várias atividades simultâneas foi útil para a comissão de carnaval. Os trabalhos tiveram um mês de atraso quando a fiscalização do Ministério Público do Trabalho interrompeu os trabalhos dos barracões das escolas no fim de outubro. A reabertura só ocorreu após as escolas adotarem o uso de equipamentos de segurança pelos profissionais.

“Fizemos planos de ter uma produção em paralelo de alegorias com adereços lá em cima [no quarto andar do barracão, onde ficam os ateliês], para quando estivesse liberado. Não foi fácil, mas conseguimos”, contou o carnavalesco Marcus Paulo.

Carnavalesco Marcus Paulo em frente ao símbolo da Unidos da Tijuca

O carnavalesco Marcus Paulo acredita que o desfile da Unidos da Tijuca vai envolver o públicoCristina Índio do Brasil/ Agência Brasil

Setores

No momento inicial do desfile, será mostrada a vida pessoal de Falabella,que passou a infância no bairro da Ilha do Governador, na zona norte do Rio. “Quando ele era pequeno, ganhou um livro Pequeno Príncipe e ficava na beira da Baía de Guanabara brincando de Pequeno Príncipe. Os seres marinhos e golfinhos que ele via ali, imaginava que eram súditos dele”, revela o carnavalesco.

O enredo segue com a fase em que ele estudou teatro, com as peças em que ele atuou na escola da dramaturga Maria Clara Machado. O terceiro setor aborda o fascínio de Falabella pela escrita. “Ele diz que, para viver dos palcos, tinha de dominar a escrita. Ele é formado em Letras em Língua Portuguesa e Língua Inglesa”.

Em seguida, é mostrada sua dedicação à televisão, com todas as produções criadas pelo artista. Colegas que costumam trabalhar em suas obras estarão na avenida em homenagem a Fabella, entre eles Arlete Salles, Zezeh Barbosa, Marisa Orth e Érico Brás.

Na sequência virão todos os musicais produzidos por Miguel no Brasil, inclusive os trazidos da Broadway, em Nova York.

O desfile vai terminar com um uma memória importante que o artista traz da infância. “Ele fala que, quando era criança, o pai lhe dava de presente assistir aos carnavais no centro do Rio. Colocava ele nos ombros e ficava ali se deliciando, porque o pai era apaixonado pelo carnaval. A gente termina com um grande baile de carnaval, convidando as pessoas para embarcar nessa fantasia de Miguel Falabella”, contou Marcus Paulo.

Alegria e empolgação na avenida

Com o desfile de 2018, a Tijuca espera superar o trauma da apresentação do ano passado, quando ocorreu a queda do teto de um dos carros alegóricos onde estavam componentes. O acidente foi provocado por um erro de funcionamento no mecanismo hidráulico que dava um movimento de elevador à alegoria. Os laudos da perícia indicaram que a responsabilidade pelo acidente foi da empresa que instalou o equipamento na alegoria e eximiram a escola de culpa.

Para o carnavalesco, o passado já foi superado. “O homenageado é um cara que traz muita alegria, é um cara que provoca sorrisos. Só em falar Miguel Falabella as pessoas já sorriem. O que passou, passou, a gente rasgou a página e resolveu caminhar. É um enredo que as pessoas podem esperar muita alegria”, garantiu.

Este ano, Marcus Paulo espera que se repita, e ainda com mais força, a costumeira reação de empolgação do público quando a escola entra no Sambódromo. “A Tijuca vai para se divertir. O setor 1 [setor de arquibancadas na entrada da Marquês de Sapucaí, com ingressos populares] é o termômetro. A gente tem que fazer alguma coisa para aquele público, porque senão, ele cobra”.

E a entrada dos ritmistas é fundamental para medir a reação do setor 1, que chega a ser considerada como uma espécie de batismo para o desfile. Para que o público e os jurados considerem tudo perfeito, o maestro da bateria, mestre Casagrande, não dispensa os constantes ensaios. Há 10 anos na Tijuca, ele disse que os seus 272 comandados já estão acostumados com a pressão.

Mestre Casagrande não dispensa os constantes ensaios para que tudo saia perfeito. “Todo ensaio é muito importante. A gente faz ensaio de naipe a naipe: tamborim, cuíca, chocalho, marcação, mas todo ensaio é importante, porque eu sou muito disciplinador na parte técnica. Não abro mão”, afirmou.

Ao contrário de outras baterias, a da Tijuca não gosta muito de fazer surpresas no andamento do ritmo. Segundo o mestre, é mais clássica. “Ela toca para a escola desfilar. A surpresa fica para os carros, as alas coreografadas um ou outro detalhe. A bateria não, a bateria tem que tocar para a escola desfilar”, apontou.