Caravana chega ao Brasil para debater desaparecimentos forçados no México
Chega ao Brasil, no dia 1º de junho, a Caravana 43, movimento que reúne parentes dos desaparecidos, estudantes e professores da Escola Normal Rural de Ayotzinapa, que fica no México. No dia 26 de setembro do ano passado, 43 estudantes da escola mexicana desapareceram após a forte repressão policial a uma manifestação na cidade de Iguala, estado de Guerrero. A Caravana 43 Sudamérica estará em São Paulo de 1º a 4 de junho, em Porto Alegre de 5 a 8 e no Rio de Janeiro de 9 a 12 de junho.
Com o slogan “Vivos os levaram, vivos os queremos: o desaparecimento de 43 estudantes de Ayotzinapa – México”, um evento preparativo foi promovido hoje (20) no Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet-RJ), no Maracanã, para lembrar o desaparecimento dos estudantes. Várias atividades artísticas, acadêmicas e políticas foram desenvolvidas. Um grupo de estudantes mexicanas que fazem mestrado no Brasil fez uma exposição do caso no contexto político mexicano.
Os alunos do Cefet pintaram o rosto dos 43 desaparecidos e fizeram uma adaptação de uma música mexicana em homenagem aos estudantes, finalizando com uma intervenção teatral e a soltura de 43 balões brancos e seis vermelhos, simbolizando os desaparecidos e mortos na intervenção policial. A professora Marisa Brandão, da coordenação de sociologia do Cefet, explicou que o objetivo do evento desta quarta é levar a realidade latino-americana para dentro da escola e compartilhar as experiências.
“A gente pode ajudar [os mexicanos] difundindo essa história completa, o máximo possível. Entendendo que não é um caso isolado, é um caso que tem a ver com a economia e com a política mexicana, com a reforma da educação básica no México. Então, quanto mais a gente puder difundir essa história, mais a gente vai ajudar a pressionar o governo mexicano a reabrir as investigações, porque eles encerraram as investigações sem nada comprovado”, disse.
A Caravana 43 Sudamérica informou, por meio da assessoria de imprensa, que a investigação da polícia concluiu que os 43 estudantes foram sequestrados e mortos por traficantes, mas diversas entidades, pesquisadores e jornalistas provaram que a versão oficial é inverossímil e consideram que o crime ainda não foi esclarecido.
Para a professora Marisa, os brasileiros têm muito a aprender com a luta dos mexicanos e também deve debater a questão dos desaparecimentos forçados, presentes na nossa sociedade. “No debate. teve aluno fazendo essa relação com os nossos desaparecimentos, os nossos presos políticos atuais, os 23 presos políticos [das manifestações de 2013 e 2014]. Os desaparecimentos que a gente tem, de populares, de moradores de favelas, que é como se não existissem, então se desaparecer não se fala tanto. Também nesse sentido, para alertar para a gente que isso acontece aqui também, de uma forma diferente, mas acontece também”, ressaltou.
A Rede de Coletivos em Solidariedade por Ayotzinapa organiza eventos desde outubro para divulgar o caso e cobrar investigação e punição para os culpados, além de debater o problema dos desaparecimentos forçados.