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Direitos Humanos

Organizações da sociedade civil pedem rigor na apuração da morte de vereadora

Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 15/03/2018 - 18:24
Rio de Janeiro
Vereadora Marielle Franco, assassinada em 14 de março de 2018, em foto de arquivo, na tribuna da Câmara Municipal do Rio de Janeiro

Vereadora Marielle Franco foi morta a tiros na noite de ontem (14)Renan Olaz/ Câmara Municipal do Rio

Organizações da sociedade civil assinaram hoje (15) o manifesto #MariellePresente, cobrando das autoridades providências contra a violência crescente no Rio de Janeiro, que tem como um dos episódios mais recentes o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL).

“O assassinato da vereadora Marielle Franco na noite desta quarta-feira (14) no Rio de Janeiro carrega consigo o símbolo de todas as vidas perdidas em nosso dia a dia, resultado de um processo histórico de genocídio negro e que escancara a vulnerabilidade das vidas nas periferias, que não são protegidas nem mesmo com o respaldo de cargos públicos. Sua morte também exprime todos os riscos aos quais se expõem aqueles que trabalham para mudar a realidade de violência brutal no Brasil”, afirmam as organizações no manifesto.

O texto pede a "união contra a barbárie" e destaca que, “acima das ideologias, posições e preferências políticas, Marielle é o símbolo da renovação de ideias e práticas que queremos”.

"Sua vida, mais do que sua morte, representa o desafio de renovar nossos esforços conjuntos em direção a um país menos desigual, mais empático, capaz de garantir direitos e proteger a vida de todas e todos”, acrescenta.

As organizações pedem uma investigação minuciosa do ataque, que também resultou na morte do motorista da vereadora, Anderson Gomes. As entidades ressaltam que pretendem continuar trabalhando para fortalecer a democracia, para que “o processo eleitoral ocorra em plenitude e segurança, que seja mais participativo, plural e que novos corpos, vozes, ideias e práticas ocupem os espaços de poder, para a justiça e equidade que o país merece e precisa”.

Assinam o manifesto as organizações Acredito, Advocacy Hub, Agora!, Bancada Ativista, Construção, Instituto Re.no.ve, Instituto Tecnologia e Equidade, ITS Rio – Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio, Instituto Update, Muitas, Open Knowledge Brasil, #OcupaPolítica, Quero Prévias, Virada Política e Transparência Partidária.

TJRJ e Conselho dos Direitos da Mulher

O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) também lamentou o assassinato da vereadora e de seu motorista. “A morte de uma representante eleita democraticamente pelo povo carioca representa um duro golpe no Estado Democrático de Direito”.

O TJRJ defende que as investigações “sobre a autoria e motivação deste crime bárbaro ocorram com o rigor necessário, exigido por uma sociedade que hoje clama pelo fim da violência”.

O Conselho Estadual dos Direitos da Mulher do Rio de Janeiro (Cedim) manifestou pesar pelo assassinato de Marielle Franco, considerada importante ativista dos direitos humanos. “A morte da vereadora deve ser investigada com afinco e os culpados, identificados e punidos com o rigor da lei.”

Crime

Marielle foi assassinada com quatro tiros na cabeça, quando seguia para casa no bairro da Tijuca, zona norte do Rio, retornando de um evento ligado ao movimento negro, na Lapa. A parlamentar viajava no banco de trás do carro, quando os criminosos emparelharam com o carro da vítima e atiraram nove vezes.

O motorista Anderson Gomes foi atingido pelos disparos e também morreu. Ele trabalhava para o aplicativo Uber e prestava serviços eventuais para Marielle. Uma assessora que também estava no carro sobreviveu ao ataque.

A vereadora, que morava no Complexo da Maré, era defensora dos direitos humanos e autora de frequentes denúncias de violações cometidas contra negros, moradores de favela, mulheres e pessoas LGBT.