Nem Pense em Me Matar: mulheres fazem campanha contra feminicídio
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O assassinato de mulheres cresce diariamente no Brasil. No primeiro semestre de 2020, 648 mulheres foram vítimas de feminicídio – uma média de 108 mortes por mês. A maioria das vítimas é negra.
Para denunciar a omissão do Estado e exigir medidas efetivas de proteção à vida, mulheres de todo Brasil se uniram no Levante Feminista Contra o Feminicídio e lançaram a campanha nacional "Nem Pense em Me Matar - Quem Mata uma Mulher Mata a Humanidade!”.
O grupo construiu coletivamente um manifesto, lançado em 12 de março, que já reúne 27 mil assinaturas. O texto pontua a existência de uma "cultura de ódio" direcionada às mulheres brasileiras e destaca que a prática do crime de feminicídio "nunca esteve tão ostensiva e extremista". O manifesto ressalta ainda a pandemia de covid-19 como fator agravante.
Em entrevista ao programa Viva Maria, da Rádio Nacional, a jornalista Patricia Zaidan, integrante do Levante Feminista contra o Feminicídio, afirmou que intuito do manifesto é sensibilizar a sociedade e chamar a atenção dos governos.
“Queremos acordar as autoridades brasileiras para que elas tomem providências. Acordar homens para que tomem providência. A mudança dessa cultura machista e arcaica – que ainda faz homens pensarem que são donos dos destinos das mulheres – tem que partir deles”, afirmou a jornalista. O documento segue aberto para receber apoios.
O mote da campanha – Nem Pense em Me Matar – vem do samba Corpo Meu, composto por Cris Pereira e interpretado por Fabiana Cozza. O clipe da música foi lançado nesta quinta-feira (25).
Redes sociais
Para chamar a atenção para a campanha, o grupo promoveu um "tuitaço" na tarde de hoje, com a hashtag #NemPenseEmMeMatar, para denunciar o aumento do número de crimes de gênero e pedir o fim da violência contra a mulher.
Como denunciar
Gratuitos, o Disque 100 e o Ligue 180 são serviços para denúncias de violações de direitos humanos e de violência contra a mulher, respectivamente. Qualquer pessoa pode fazer uma denúncia pelos serviços, que funcionam 24 horas por dia, incluindo sábados, domingos e feriados. Além de cadastrar e encaminhar os casos aos órgãos competentes, a Ouvidoria recebe reclamações, sugestões ou elogios sobre o funcionamento dos serviços de atendimento.
Desde de outubro do ano passado, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos disponibiliza o acesso ao Disque 100 pelo WhatsApp. Para receber atendimento ou fazer denúncias por esta via, o cidadão deve enviar mensagem para o número (61) 99656-5008. Após resposta automática, ele será atendido por uma pessoa da equipe da central única dos serviços.
O serviço também está disponível no Telegram. Nesse caso, basta apenas digitar “Direitoshumanosbrasilbot” na busca do aplicativo. A indicação “bot” é uma regra do Telegram para a criação de contas de serviço. Assim como no WhatsApp, após uma mensagem automática inicial, o cidadão será atendido pela equipe do Disque 100.
Ainda é possível usar o aplicativo Direitos Humanos Brasil. Para tanto, basta baixar a ferramenta no celular e realizar o cadastro que pede o nome completo e o CPF do usuário. No site da Ouvidoria, o cidadão também pode ser atendido por meio de um chat. Para iniciar a conversa com a equipe do Disque 100 e do Ligue 180, basta acessar o chat no canto direito da página. É preciso apenas informar o telefone para iniciar o atendimento.
Matéria atualizada às 17h17 para inserção de canais de denúncia de violência contra mulheres