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Educação

Universidade Federal do Rio de Janeiro estuda abertura pós-pandemia

Aulas na UFRJ estão suspensas desde 16 de março
Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 28/05/2020 - 13:34
Rio de Janeiro
Universidade Federal do Rio de Janeiro
© Divulgação/Universidade Federal do Rio de Janeiro

Ainda sem data para o retorno das aulas, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) estuda formas de retomar as atividades docentes de forma remota ou presencial reduzida, após a diminuição da crise sanitária provocada pela pandemia da covid-19. É para evitar o cancelamento do semestre letivo. As atividades de pesquisa e hospitalares não pararam, principalmente as ligadas ao enfrentamento do novo coronavírus.

As aulas na universidade estão suspensas desde 16 de março, apenas uma semana após terem começado, e não há definição sobre o ingresso de alunos para o segundo semestre, já que nem a matrícula da terceira chamada do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do primeiro semestre foi concluída.

O grupo de trabalho (GT) pós-pandemia analisa as possibilidades de cenário, com base em informações colhidas pelo GT Coronavírus, em atividade desde janeiro. A reitora Denise Pires explicou, em entrevista publicada no site da universidade, que primeiro serão identificadas as disciplinas com possibilidade de serem dadas de forma remota, bem como os estudantes que não têm acesso à internet.

“A segunda fase é analisar a infraestrutura da universidade e identificar as salas de aula que poderão ser usadas na [fase] pós-pandemia. Nem todas funcionarão. E também queremos montar, se houver orçamento, estruturas como salas de estudo amplas, ventiladas e com acesso à internet de qualidade para os estudantes que têm dificuldade de estudar em casa. A Ilha do Fundão [na zona norte da cidade, onde fica a Cidade Universitária] tem espaço para isso”, disse.

A reitora nomeada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Denise Pires de Carvalho fala durante evento em comemoração aos 201 anos do Museu Nacional na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro.
Reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho traça planos para reduzir efeitos da pandemia na universidade   (Arquivo/Tomaz Silva/Agência Brasil)

Segundo a reitora, isso pode acontecer no fim de 2020 ou início de 2021, considerando a possibilidade de o novo coronavírus ainda estar circulando na cidade no próximo ano. 

Inclusão digital

De acordo com o levantamento feito pela universidade, 50% dos alunos, servidores e professores têm banda larga em casa e de 10% a 20% dos alunos, incluindo a pós-graduação, precisam de ajuda para conseguir um equipamento e acesso à internet, o que totaliza entre 10 e 15 mil pessoas.

“Nossa ideia é conseguir acesso a todos eles. Segundo os dados informados pelos alunos no momento da matrícula, 4 mil não têm computador em casa. Estamos partindo desse número, mas a gente sabe que essas condições mudam ao longo do tempo porque é muito comum o aluno sair da sua cidade para vir estudar na UFRJ e ir morar numa república”, explicou a reitora.

Apesar de não haver orçamento na universidade para fazer a inclusão digital de todos os alunos, Denise disse que irá pedir auxílio emergencial para isso ao Ministério da Educação. 

Segundo ela, pode ser implantado um sistema de ensino “remoto emergencial híbrido”, com aulas ao vivo, mas que fiquem gravadas para acesso posterior por quem não conseguir acompanhar em tempo real. Sobre aulas presenciais, a reitora afirma que elas só retornarão quando houver um tratamento definitivo para a covid-19.

“É muito difícil imaginar como a curva vai evoluir na cidade do Rio. Mas ensino presencial com turmas completas, com certeza, não há chance. A menos que se descubra um medicamento ou uma associação medicamentosa que cure a doença. Esse medicamento não existe ainda”, explicou.

Auxílio estudantil

A UFRJ disponibilizou cinco auxílios emergenciais para os estudantes durante a pandemia. Segundo a Pró-Reitoria de Políticas Estudantis, a concessão será automática para 3.087 estudantes já incluídos em programas sociais da universidade.

Moradores nos campi Cidade Universitária e Macaé receberão R$ 460 enquanto durar a suspensão das atividades acadêmicas presenciais. Os que já possuem gratuidade nos restaurantes universitários terão R$ 200 por três meses, com a possibilidade de renovação por mais três.

Os beneficiários do Auxílio Transporte Municipal Caxias e do Auxílio Transporte Municipal Macaé receberão R$ 250, enquanto durar a suspensão das atividades acadêmicas presenciais. Para os que possuem o Auxílio Transporte Intermunicipal, R$ 400.

Foi criado, ainda, o Auxílio Emergencial Entrega de Refeições. É para os estudantes moradores da residência estudantil e da vila residencial da Cidade Universitária. O objetivo é evitar deslocamentos, com a entrega gratuita de almoço e jantar nos locais de moradia.