Defensoria Pública denuncia situação precária em hospitais federais do Rio
Falta de médicos, de leitos, de equipamentos e infraestrutura precária são os principais problemas encontrados nos seis hospitais federais do Rio de Janeiro, embora a situação mais crítica seja nos hospitais do Andaraí e de Bonsucesso, ambos na zona norte da cidade, de acordo com a Defensoria Pública da União no Rio de Janeiro (DPU/RJ).
Segundo o defensor público Daniel Macedo, o cenário encontrado na vistoria de ontem (16), no Hospital de Bonsucesso, foi semelhante ao das visitas de anos anteriores. “Não há leitos suficientes, muitas pessoas ficam jogadas em cadeiras e macas, e os três contêineres colocados de forma provisória, em 2011, para atender os pacientes durante a construção da emergência, ficaram permanentes. Cada um tem capacidade máxima para 30 pessoas, mas a emergência chega a atender 60”, disse ele. O aluguel mensal dos contêineres custa R$ 318 mil, o que dá gastos acumulados de R$ 13 milhões de 2011 até hoje, ao passo que a construção da emergência é estimada por Macedo em R$ 8 milhões.
Já no Hospital do Andaraí, em uma inspeção feita pela Vigilância Sanitária, a pedido da DPU, foram encontradas 60 irregularidades. Entre elas, ratos no setor de oncologia, medicamentos jogados no chão da Unidade de Terapia Intensiva, móveis entulhados nas enfermarias, sala de raio-X sem isolamento de chumbo e condições precárias de infraestrutura, como mofo e buracos nas paredes. De acordo com a DPU, a unidade recebe R$ 110 milhões por ano para cobrir gastos com atendimento e manutenção.
Daniel Macedo informou ainda que foi enviado ontem um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) à gestão do Hospital do Andaraí, que tem prazo de 20 dias para assinar o documento e 180 dias para solucionar os problemas encontrados na avaliação. Se o termo não for cumprido, será aplicada multa de R$ 10 mil por dia.
Outro problema é a falta de médicos. De acordo com o Sindicato dos Médicos do Rio, o último concurso realizado para contratar profissionais de saúde nos hospitais federais foi em 2010, e segundo dados do órgão, é necessária a contratação de 1.226 médicos para os seis hospitais da rede.
O presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio, Sidnei Ferreira, acrescenta que além da pouca contratação de médicos há o problema da baixa remuneração dos profissionais. “Nos hospitais públicos existe alta rotatividade de médicos, porque o salário é muito baixo, em torno de R$ 2,2 mil, bruto. Além disso, as condições de trabalho são precárias e não há plano de carreira”, criticou.
De acordo com Daniel Macedo, a próxima etapa de vistorias da DPU será nos institutos e hospitais universitários federais. Mas não adiantou quando.
Fonte: Defensoria Pública denuncia situação precária em hospitais federais do Rio